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BRASÍLIA - O ex-secretário executivo do Ministério da Saúde Elcio Franco ordenou que fossem concentradas nele todas as tratativas para negociações de imunizantes contra a covid-19 um mês antes da assinatura do contrato para a compra da vacina indiana Covaxin. Em 29 de janeiro, o número 2 da gestão do ex-ministro Eduardo Pazuello enviou ofício a 16 secretarias e diretorias do ministério, dando ciência sobre a concentração das ações.
"A condução dessas reuniões e as tratativas decorrentes estão ocorrendo exclusivamente no âmbito desta Secretaria Executivaapp cassinocoordenação com o gabinete do ministro", diz o documento obtido pelo Estadão. "Todas as solicitações de reuniões recebidas nas áreas técnicas referentes a ofertas, propostas e/ou qualquer tratativas alusivas a vacinas contra a covid-19 deverão ser direcionadas ao gabinete desta Secretaria Executiva", orienta o texto.
PublicidadeCoronel da reserva do Exército, Franco foi exonerado do cargoapp cassino26 de março, três dias após Marcelo Queiroga ser nomeado ministro no lugar de Pazuello. Desde 23 de abril, ele é assessor especial da Casa Civil, pasta liderada pelo general Luiz Eduardo Ramos.
O contrato para aquisição da vacina Covaxin, da farmacêutica Bharat Biotech, representada no Brasil pela Precisa Medicamentos, foi assinado no dia 25 de fevereiro, no valor de R$ 1,6 bilhão. Como mostrou o Estadão, o preço por dose foi 1.000% maior do que o estimado inicialmente pelo próprio fabricante. A negociação durou cerca de três meses, prazo bem mais curto que o de outros contratos, de preços por dose menores.
Em depoimento ao Ministério Público Federal, o servidor do ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda afirmou que sofreu pressão "atípica" de seus superiores para agilizar trâmites de importação do imunizante. Entre os superiores que cobraram de forma incomum, segundo o servidor, estão dois militares: o coronel Marcelo Pires, ex-diretor de Programa do Ministério da Saúde e o tenente-coronel Alex Lial Marinho, ex-coordenador-geral de Aquisições de Insumos Estratégicos para Saúde. Eles foram nomeados por Pazuello e exonerados com a saída do general da pasta.
Além deles, o diretor de logística, Roberto Ferreira Dias, também é apontado pelo servidor como autor de pressões envolvendo a compra da Covaxin. Procurado, ele não quis dar entrevista para comentar.
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