bet365 si-Mortosbet365 sicasa e cadáveres nas ruas: o colapso funerário causado pelo coronavírus no Equador

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Em Guayaquil, estão se multiplicando os relatos de mortesbet365 sicasa ou nas ruas e cadáveres que passam horas ou dias na calçada até serem recolhidos.
1 abr 2020 - 18h23
(atualizado às 18h27)
Equador é um dos países da região com mais casos confirmados e mortes por covid-19
Equador é um dos países da região com mais casos confirmados e mortes por covid-19
Foto: Reuters / BBC News Brasil

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Ao redor do mundo, milhares de imagens de cidades vazias e hospitaisbet365 sicolapso por conta da pandemia do novo coronavírus tomam conta dos noticiários.

Nas últimas semanas, imagens chocantes também são vistas na cidade equatoriana de Guayaquil. Dali, circulam diversos vídeos e testemunhos sobre pessoas morrendo nas ruas e corpos esperando dias para serem coletadosbet365 sicasa.

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A província de Guayas, onde Guayaquil está localizada, registrou, ao menos segundo os dados oficiais até 1º de abril, mais vítimas da covid-19 do que países latino-americanos inteiros: 60 mortos e 1.937 infectados (1.301 apenas na capital, Guayaquil). No mesmo período, na Colômbia, por exemplo, são 16 mortos, e na Argentina são 27.

O colapso do sistema funerário, como resultado dessa crise, é grande e o presidente do Equador, Lenín Moreno, teve que formar uma força-tarefa conjunta para enterrar todos os mortos.

Os depoimentos de parentes e vizinhos das vítimas, dados à BBC News Mundo, o serviçobet365 siespanhol da BBC, são de horror.

"Meu tio morreubet365 si28 de março e ninguém vem nos ajudar. Vivemos no noroeste da cidade. Os hospitais disseram que não tinham macas e ele morreubet365 sicasa. Ligamos para o 911 (serviço de emergência) e nos pediram paciência. O corpo ainda está na cama, onde ele morreu, porque ninguém pode tocá-lo", diz Jésica Castañeda, sobrinha de Segundo Castañeda.

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Cidadãos de Guayaquil agora veem corpos pelas calçadas
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Outra jovem de Guayaquil que mora no sudeste da cidade — ela pediu para não ter o nome divulgado — relatou que seu pai morreubet365 siseus braços e passou 24 horasbet365 sicasa.

"Eles nunca o testaram para o coronavírus, apenas nos disseram que poderiam agendar uma consulta e falaram para tomar paracetamol. Tivemos que remover o corpo com recursos particulares, porque não recebemos respostas do Estado. Nos sentimos impotentes ao ver meu pai assim e ter que sair para pedir ajuda", disse a jovem.

Mas essa situação não afeta apenas os mortos pelo vírus. Wendy Noboa, que vive no norte de Guayaquil, perto de um terminal de ônibus, conta a história de seu vizinho Gorky Pazmiño, que morreu no domingo, 29 de março.

"Ele caiu e morreu ao bater a cabeça. Liguei para o 911 e eles nunca vieram. Ele morava com o pai, com mais de 96 anos, por isso minha angústia. Ele ficou no apartamento por um dia inteiro, até que os membros da família chegassem com o caixão para enterrá-lo. Mas eles não podiam enterrá-lo, porque não havia médico para assinar a certidão de óbito", relata.

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Há tantos casos assim que a jornalista Blanca Moncada, do jornal Expresso, fez uma série de postagens no Twitter solicitando informações de parentes e vizinhos de pessoas que estão nessa situação.

"Tomei essa decisão por causa do grito desesperado de muitos cidadãos que precisam esperar 72 horas ou mais pelas autoridades para coletar os corpos que permanecem nas casas. Busco quantificar a magnitude dessa tragédia porque,bet365 siquestão de números, Guayaquil é agora uma grande nuvem cinza ".

https://www.youtube.com/watch?v=OkijKj0TIpM&feature=emb_title

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Confronto político

O comandante da Marinha Nacional, Darwin Jarrín, que assumiu a coordenação militar e policial da Província de Guayasbet365 si30 de março, disse à BBC News Mundo que até quinta-feira, 2 de abril, todos os mortosbet365 siGuayaquil estarão enterrados.

"O Ministério da Saúde entrega a certidão de óbito aos hospitais, a Polícia e a CTE (Comissão de Trânsito do Equador) transferem os corpos para os dois cemitérios — Parques de La Pazbet365 siAurora e o Panteão Metropolitano na estrada para o litoral — e as forças armadas os enterram", disse Jarrín.

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Mas o que aconteceu na última semana de março na cidade — onde mais de 300 corpos foram recolhidosbet365 sidiferentes casas pela polícia equatoriana, segundo o jornal El Comercio — pode ter sérias consequências.

Presidente Lenín Moreno criou força-tarefa para lidar com o impacto da pandemia
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Para começar, a crise gerou conflitos entre a prefeita de Guayaquil e o governo central. Cyntia Viteri, que estábet365 siquarentena por ter sido infectada com o coronavírus, reclamou,bet365 si27 de março, da conduta das autoridades nacionais e relatou as deficiências do sistema público do país.

"Eles não tiram os mortos de suas casas. Eles os deixam nas calçadas, caem na frente de hospitais. Ninguém quer buscá-los. E os nossos pacientes? Famílias perambulam por toda a cidade, batendo nas portas para um hospital público recebê-los, mas não há mais leitos".

Além das mortes nas casas, a cidade teve que enfrentar o pesadelo dos mortosbet365 sisuas ruas. Jésica Zambrano, jornalista do jornal El Telégrafo, contou à BBC News Mundo sobrebet365 siexperiência no centro de Guayaquil.

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"Meu companheiro saiu para fazer compras e encontrou uma pessoa morta nas ruas Pedro Carbo e Urdaneta. Anteriormente, fomos informados de que havia outros mortos a poucos metros de distância. Aqui estamos acostumados a ver mendigos dormindo nas ruas, mas como resultado dessa crise, as pessoas morrem no centro da cidade."

'Golpe nos costumes'

Em 28 de março, um dia após as declarações da prefeita, o jornal El Universo relatou os planos do governo municipal para enterrar os mortosbet365 siuma vala comum, mas a ideia não prosperou.

"Me parece terrível que a ideia de uma vala comum nesta cidade tenha sido lançada", declara o sociólogo Héctor Chiriboga, de Guayaquil, à BBC News Mundo.

"Esta é uma cidade onde a classe média, ou média baixa, demorava até dois dias para fazer os velórios, porque tinha que esperar a chegada do parente que vivia na Europa, pois muitos moradores migraram no início dos anos 2000. Aqui os cadáveres eram vestidos e, até pouco tempo, a Igreja Católica via com maus olhos a cremação", explica o estudioso.

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"Isso (enterrarbet365 sivala comum) é um golpe para os costumes dos setores populares, para o ritual da morte e do enterro. O homem que ganha seu pão todos os dias, que tem uma tendência cristã ou católica, é um homem que se desfaz quando vê que o rito não será cumprido", acrescenta Chiriboga.

Ruas da capital, Quito, estão quase vaziasbet365 simeio à pandemia
Foto: EPA / BBC News Brasil

Jorge Wated, responsável pela força-tarefa designada pelo presidente Moreno para o enterro dos cadáveres, diz à BBC News Mundo que ele não teria aceitado essa missão se o presidente o pedisse para se encarregar de uma vala comum.

"Presido esta força-tarefa para levar os mortos das casas e hospitais de Guayaquil, e para que aqueles que não têm serviços funerários possam ter um enterro cristão, de uma só pessoa,bet365 sium cemitério na cidade".

Mas Wated relata que os parentes das vítimas não poderão comparecer ao funeral.

O pior cenário

Bombeiros e polícia passaram a ajudar nos controles, medindo temperatura de cidadãos
Foto: AFP / BBC News Brasil

"Sempre houve pessoas que morrembet365 sicasa. O normal era que um médico determinasse a causa da morte e a funerária chegasse. Mas agora há um pânico geral e acredita-se que todo mundo que morrebet365 siGuayaquil tenha coronavírus. Portanto, as funerárias não querem assumir o controle ", explica Grace Navarrete, médica de saúde pública que integra a Sociedade Equatoriana de Saúde Pública.

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O comportamento das casas funerárias durante a crise foi investigado pela jornalista Susana Morán, do site de notícias do Plano V, no artigo "Morrendo duas vezesbet365 siGuayaquil".

Morán entrevistou a dona de uma funerária que fechou seus negócios por medo de contágio. "Eu já sou velha, para ganhar alguns centavos não vou pôrbet365 sirisco minha família", disse a senhora à jornalista.

Esse medo também é replicado entre os membros da família, diz Navarrete. "O mesmo acontece nas casas. Alguém morre e ninguém toca o corpo, pois é uma cidade onde o calor faz com que o nível de decomposição dos cadáveres seja mais rápido quebet365 sioutras partes do país. Ouvi falar de um casobet365 sique a pessoa faleceubet365 sium quarto e os parentes levaram o corpo do colchão para a calçada", relata a médica.

Para Jorge Wated, um conjunto de fatores traz à tona o pior cenário para a região. "As casas funerárias estãobet365 sicolapso, elas sequer têm pessoal; os cemitérios não têm capacidade para receber tantos mortos a essa velocidade; as pessoas não podem deixar suas casas para realizar os procedimentos para enterrar seus mortos; o número de mortes está aumentando entre os diagnosticados, além das suspeitas de terem morrido por coronavírus e que não foram testadas. Isso cria um cenário muito difícil."

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Saúde pública

Sistema funerário entroubet365 sicolapso no Equador diante do coronavírus
Foto: EPA / BBC News Brasil

O médico Ernesto Torres acredita que a tragédia deve ser entendida como uma questão de saúde pública, pois,bet365 sisuas palavras, isso "vai além do campo da medicina, porque tem a ver com as políticas do Estado e o real interesse dos governos na saúde dabet365 sipopulação".

Para este especialistabet365 sisaúde pública, os hospitais receberam muita importância nesta crise, mas não trabalharam no mesmo nível para atender toda a comunidade.

"Se trabalhássemos intensivamente nesse nível (desde os primeiros casos), poderíamos impedir que muitas pessoas congestionassem hospitais. Agora, os hospitais tentam apagar incêndios com baldes de água", diz.

Nessas comunidades, especialmente nas mais periféricas, está ocorrendo "uma crise humanitária real e profunda", nas palavras de Paúl Murillo, chefe da área de advocacia comunitária do Comitê Permanente de Direitos Humanos.

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"Está certo haver isolamento nos domicílios. Mas nunca pensarambet365 siplanos que garantissem, ao menos, segurança alimentar nos bairros periféricos e marginais", afirma.

Adriana Rodríguez, professora de direito na Universidade Andina e especialistabet365 sidireitos humanos, acha que não é de surpreender que os problemas sociais fiquem evidentes durante esse períodobet365 siuma cidade com alta desigualdade social.

"Guayaquil é uma cidade que tem aproximadamente 17% debet365 sipopulaçãobet365 sisituação de pobreza e extrema pobreza. O que acontece agora com os cadáveres nos faz pensar sobre quais corpos são importantes e quais não são. Os cortes na saúde pública nos dizem que existem corpos que não importam", afirma.

Crise do coronavírus já está virando uma emergência humanitária nas grandes cidades equatorianas
Foto: AFP / BBC News Brasil

No entanto, para o engenheiro Jorge Wated, o que acontece hojebet365 siGuayaquil pode ocorrerbet365 siqualquer lugar do continente.

"Vejo o que acontece no resto da América Latina. Por exemplo, o que acontece hoje na Argentina foi o que aconteceu aqui há três semanas. As coisas vão ser complicadas, dependendo de cada país. Estamos tentando agir o mais rápido que podemos", declara Wated.

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Nas últimas horas, a revista Vistazo informou que, na noite de 30 de março, circulou um vídeo com um grupo de pessoas no sudoeste de Guayaquil, queimando pneus para exigir a remoção de um cadáver.

"Até os moradores teriam ameaçado queimar o corpo do falecido,bet365 siprotesto", encerra a notícia.

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Fontes de referência

  1. estudiantes e atlético paranaense palpite
  2. betano mentor
  3. slots hilo

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