futebol internacional hoje-Coronavírus: o que deu errado no Reino Unido, 1º país europeu a passar dos 100 mil mortos por covid-19

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A demora do governo a agir contra a pandemia e o fato de o Reino Unido ser um 'hub' de viagens internacionais estão entre os fatores apontados para tamanho impacto do vírus na população britânica. Mas os problemas vão além.
28 jan 2021 - 15h29
Royal London Hospital, janeiro de 2021
Royal London Hospital, janeiro de 2021
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

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O Reino Unido chegou à triste marca de 100 mil mortes por coronavírus — um vírus que, há apenas um ano, parecia uma ameaça estrangeira e distante para quem vivia na Grã-Bretanha.

Como um dos países mais ricos do mundo se tornou um dos que mais sofreram mortes?

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Não há uma resposta rápida a essa pergunta, mas há muitas pistas que, juntas, ajudam a explicar por que o Reino Unido atingiu esse número devastador.

Em número absoluto de mortes, os Estados Unidos continuam como o país afetado (mais de 427 mil) e o Brasil seguefutebol internacional hojesegundo, com mais de 220 mil mortes. Nesse critério, o Reino Unido aparece na quinta posição, depois também de Índia e México.

Na comparação do número de mortesfutebol internacional hojerelação ao tamanho da população, no entanto, o Reino Unido aparecefutebol internacional hojeprimeiro lugar, com 150 mortes por 100 mil habitantes, segundo dados compilados pela Universidade Johns Hopkins. Em seguida, aparecem a República Tcheca (146), a Itália (143) e os Estados Unidos (129). O Brasil aparece na 12ª posição, com mais de 104 mortes por 100 mil habitantes.

A comparação do número de mortes é útil para ter uma dimensão da quantidade de vítimasfutebol internacional hojecada país, mas é preciso terfutebol internacional hojemente que os métodos de contabilizar as mortes variam entre os países. É por isso que muitas vezes é preferível analisar as "mortesfutebol internacional hojeexcesso", que são as mortes acima da média histórica.

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Uma análise feita pelo Financial Times mostra que o Reino Unido teve 18% de mortesfutebol internacional hojeexcesso ao longo de 2020 e o Brasil, 22%.

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Os fatores

Para explicar o que se passa no Reino Unido, alguns apontarão o dedo para o governo efutebol internacional hojedemorafutebol internacional hojepromover medidas de confinamentofutebol internacional hojerelação a grande parte da Europa Ocidental, a pouca eficiênciafutebol internacional hojetestes e rastreamento, e a falta de proteção oferecida aos residentes de casas de repouso.

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Foto: BBC News Brasil

Outros destacarão problemas mais enraizados na sociedade britânica, como o mau estado da saúde da população, com altos níveis de obesidade, por exemplo.

Outros, ainda, apontarão que alguns dos grandes pontos fortes do Reino Unido — como o fato de ser um centro importante para viagens aéreas internacionais, por exemplo; e suas populações urbanas etnicamente diversificadas e densamente povoadas — expuseramfutebol internacional hojevulnerabilidade a um vírus que se espalha facilmentefutebol internacional hojeambientes fechados.

Aos olhos de algumas pessoas, o status de ilha do Reino Unido poderia ter ajudado. Outras nações insulares como a Nova Zelândia, Austrália e Taiwan conseguiram impedir o vírus de se estabelecer e as mortes foram reduzidas ao mínimo — a Austrália viu menos mortes durante a pandemia do que o Reino Unido registra todos os dias,futebol internacional hojemédia.

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Todos introduziram restrições estritas de fronteira imediatamente e bloqueios para conter o vírus antes que ele se propagasse. O Reino Unido, não.

Foi sófutebol internacional hojejunho que as regras de quarentena para passageiros chegando ao Reino foram introduzidas, mas corredores de viagem foram logo instalados, relaxando as normas para viajantes de alguns países. Apenas neste mês isso mudou.

No início da pandemia, ministros e seus principais conselheiros foram acusados de tentar promover uma estratégia de imunidade coletiva.

Isso mudou no final de março, quando o lockdown total finalmente ocorreu. Mas houve um atraso crucial de uma semana que, estima-se, custou mais de 20 mil vidas, de acordo com o então conselheiro do governo do Reino Unido, Neil Ferguson, por causa da rapidez com que as taxas de infecção estavam dobrando naquele momento.

Isso, é claro, é dito com o benefício de uma retrospectiva. Os próprios conselheiros do governo reconhecem que os dados eram "realmente muito ruins", o que tornava difícil tomar uma decisão que teria repercussões significativas. É um ponto defendido pelo professor Chris Whitty, o principal conselheiro médico do Reino Unido. No meio do ano, ele disse que havia "informações muito limitadas" no início de março.

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Naquela época, o vírus estava se espalhando por casas de repouso. Cerca de 30% das mortes na primeira onda aconteceramfutebol internacional hojelares de idosos (ou 40% se você incluir residentes de lares que morreram no hospital).

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Foto: BBC News Brasil

Em maio, as restrições começaram a ser amenizadas. Mas foi cedo demais?

O governo aproveitou a relativa calmaria para se concentrar na construção do que o primeiro-ministro prometeu ser um sistema de teste e rastreamento "revolucionário". A ideia era que novos surtos pudessem ser eliminados pela raiz, com rastreamento abrangente por uma equipe centralizada de rastreamento.

Trabalhadora da área médica faz uma coleta para testagem de coronavírus
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O simples fato de que isso teve que ser desenvolvido alguns meses após o vírus chegar ilustra outro fator por trás do alto número de mortes: o Reino Unido não estava preparado para uma pandemia dessa natureza como algumas nações asiáticas estavam. Países como Coreia do Sul e Taiwan estabeleceram sistemas de teste e rastreamento que já tinham prontos para serem ativados.

No Reino Unido, houve problemas iniciais, com os rastreadores lutando para alcançar muitos contatos e a capacidade de teste diminuindo conforme a demanda aumentava.

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E os baixos níveis de infecção durante o verão (meados do ano no hemisfério Norte) criaram uma falsa sensação de segurança.

Segunda onda

No fim de agosto, cerca de mil pessoas por dia testavam positivo ao coronavírus. Em meados de setembro, esse valor havia triplicado e, a partir daí, aumentou cinco vezes para 15.000futebol internacional hojemeados de outubro. Os números com teste positivo nunca voltaram a ficar abaixo de uma média de 10.000 por dia desde então.

Quando um lockdown foi decretado na Inglaterrafutebol internacional hojenovembro, a previsão era de que duraria quatro semanas.

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Foto: BBC News Brasil

No entanto, antes do fim desse segundo lockdown, novos casos começaram a surgir no sudeste da Inglaterra. Em poucas semanas, ficou claro o que estava acontecendo: o vírus havia sofrido mutação e uma nova variante de disseminação mais rápida estavafutebol internacional hojeascensão.

Em meados de dezembro, a pressão por lockdown estava crescendo novamente, mas o plano para um relaxamento das restrições no Natal já havia sido anunciado. Em todas as nações do Reino Unido, os ministros esperaram.

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No início de 2021, com as internações hospitalares crescendo rapidamente, os quatro diretores médicos do Reino Unido emitiram uma declaração conjunta alertando que o NHS estavafutebol internacional hoje"risco material" de ser sobrecarregado. Em poucas horas, o Reino Unido estava novamentefutebol internacional hojelockdown.

Causas mais profundas

Mas também é preciso reconhecer que existem fatores fora do controle do governo que contribuíram para o alto número de mortes.

Uma das razões pelas quais o vírus conseguiu se estabelecer e se espalhar tão rapidamente foi devido à geografia e o fato de o Reino Unido (e Londresfutebol internacional hojeparticular) ser um centro global. A análise genética mostrou que o vírus foi levado para o Reino Unidofutebol internacional hojepelo menos 1.300 ocasiões diferentes, principalmente da França, Espanha e Itália, até o fim de março.

A densidade da população também é um fator. O Reino Unido está entre as 10 grandes nações mais densamente povoadas (aquelas com população de mais de 20 milhões). Além disso, as cidades britânicas estão mais interconectadas do quefutebol internacional hojemuitos lugares.

O envelhecimento da população também deve ser levadofutebol internacional hojeconsideração. Depois de fazer isso, e ajustar o tamanho da população (a chamada mortalidade padronizada para a idade), as mortes aumentaram, mas não tanto quanto alguns sugerem.

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Foto: BBC News Brasil

A saúde da população também foi um fator. O Reino Unido tem uma das maiores taxas de obesidade do mundo.

A obesidade aumenta o risco de hospitalização e morte, de acordo com a Public Health England. Um estudo apontou que o risco de morte era quase o dobro para aqueles que são gravemente obesos.

Condições como diabetes, doença renal e problemas respiratórios também aumentam o risco - um quinto das mortes por covid-19 listava diabetes no atestado de óbito. E o Reino Unido tem taxas relativamente altas dessas doenças.

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Foto: BBC News Brasil

Muitos argumentaram que esses altos níveis de problemas de saúde foram agravados pelos níveis de desigualdade no Reino Unido. Os níveis de problemas de saúde e expectativa de vida sempre foram piores nas áreas mais pobres, mas a pandemia exacerbou isso.

Como o Reino Unido se compara globalmente?

O Reino Unido foi um dos países mais atingidos no mundo na última primavera. Mas é mais difícil comparar as experiências ou o desempenho dos países na segunda onda, uma vez que a epidemia segue padrões tão diferentesfutebol internacional hojetodo o mundo.

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Países como a Austrália, sem dúvida, tiveram mais sucesso com primeira e segunda ondas.

Mas esse não é o caso de alguns países que se saíram melhor do que o Reino Unido no primeiro semestre do ano passado.

Os EUA não reduziram a taxa de mortalidade durante o verão da maneira que o Reino Unido fez e seu número de mortos está aumentando.

E países como Alemanha ou Polônia, que tiveram muito poucas mortes na primeira onda, agora estão vendo picos com as taxas de mortalidade geral correndo muito acima dos níveis normais.

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Foto: BBC News Brasil

E com o número de mortes ainda aumentando e as vacinações aindafutebol internacional hojeandamento, é muito cedo para começar a compilar a tabela definitiva dos países mais atingidos na segunda onda.

Mas o professor Devi Sridhar, especialistafutebol internacional hojesaúde pública da Universidade de Edimburgo, é um dos que criticou a abordagem adotada pelo Reino Unido desde o início.

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Ela diz que o Reino Unido, como grande parte da Europa, foi "complacente" com a ameaça de doenças infecciosas, escolhendo tratar o novo coronavírus "como uma gripe" e permitindo o espalhamento.

O que impressiona alguns é o quão semelhantes são os errosfutebol internacional hojetermos de lockdown tardio. "Levará anos para descobrir por que (o combate à) covid-19 está indo tão mal no Reino Unido", disse o especialistafutebol internacional hojedoenças infecciosas da University College London, Neil Stone. "Mas se destaca o fracassofutebol internacional hojeaprender com a primeira onda."

Muitos outros compartilham desse sentimento.

Algumas lições, no entanto, foram aprendidas.

Ambulâncias no Royal Liverpool University Hospital,futebol internacional hojejaneiro de 2021
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Na comparação da primeira e segunda onda, há um impacto da redução nas mortesfutebol internacional hojecasas de repouso. Mais testes e melhor disponibilidade de equipamento de proteção individual reduziram a proporção de mortes relacionadas a lares de idosos.

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Claro, tudo isso é mais fácil de se avaliar posteriormente. Em uma entrevista recente, o principal conselheiro científico, Patrick Vallance, disse: "A lição é (agir) mais cedo do que você deseja, ir mais longe do que você pensa que deseja e ir um pouco além do que você pensa que desejafutebol internacional hojetermos de aplicação de restrições."

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Fontes de referência

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