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Cleia Freitas, de 35 anos, nunca teve uma casa com porta e com quartos. “Nunca tive. Nunca na minha vida. Desde que me conheço por gente”, contou a moradora do bairro Santos Dumont,betpix comSão Leopoldo, no Rio Grande do Sul. Ela mora na Ocupação Horta, atrás de uma lagoa e próximo do Rio dos Sinos, que permeia a cidade e transbordou do dique que o continhabetpix commeio às fortes chuvas de maio. E o lar que tinha foi destruído. Oito meses se passaram e, se fosse pelo que foi entregue pela prefeitura e pelo Governo embetpix comcidade,betpix comrealidade seguiria assim. A casa, de presente de Natal e de vida, virá de uma ONG.
Cleia mora com o marido e quatro filhos, três meninos e uma menina, que têm entre 18 e 8 anos. A família passou por três abrigos e a experiência fez com que optassem por voltar para o que sobrou da Ocupação Horta, cerca de três meses depois. Lá, ficaram na casa de madeira de um vizinho, que abriga os seis. “Não estábetpix combom estado, como se fosse uma casa boa para morar, mas graças a Deus é um lugar que a gente tem para ficar”.
A história de Cleia na ocupação começoubetpix com2018. Antes, morava nos fundos da casa da sogra. Para comprar o terreno na Horta, ela usou como entrada dois cavalos e duas carroças que tinha. Lá ela conheceu o movimento social.
Agora ela trabalhabetpix comoutra comunidade, na Steigleder, como cozinheirabetpix comum projeto voltado para crianças. Se tornou coordenadora da ocupaçãobetpix comque mora e, desde agosto do ano passado, passou a manter embetpix comcasa uma cozinha solidária pelo programa ‘São Léo Mais Comida no Prato’, iniciativa da Secretaria de Assistência Social (SAS), que oferece refeições gratuitas a populações periféricas. Segundo a prefeitura, são 26 cozinhas do tipo espalhadas pela cidade, que entregam mais de 20 mil refeições por mês.
Após a enchente, mesmo que ainda não estabelecida como gostaria,betpix commenos de dois meses, ela voltou a atuar com a cozinha solidária. Antes da enchente, os alimentos eram preparados no espaço que tinha junto com a lavanderia debetpix comcasa. E, agora, sem estrutura, ela faz as comidas no pátio da vizinhabetpix comum fogão comum.
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A vontade de ajudar quase custoubetpix combusca por um local seguro lá pelos primeiros dias de maio. Quando a água começou a subir, a Defesa Civil alertou para que juntassem o que conseguissem para deixarem o local. Seu marido e seus filhos foram arrumando as coisas da família, enquanto ela ficou ajudando quem precisava de apoio. Até que um ônibus chegou para buscá-los e, naquele primeiro momento, não cabiam todas as famílias que aguardavam resgate.
“Meu marido dizia pra mim: ‘Vem’. E eu dizia ‘Não, não tem como com o resto dessas pessoas aqui’. E o motorista disse: ‘Entra quem dá, quem não dá, não vai mais entrar porque não vai vir mais ônibus”. Nisso, ela só entrou com um empurrão de uma amiga. O motorista então fechou as portas rapidamente. Fora do ônibus, ainda ficaram muitas famílias. Cleia, então, se sentou na escada do ônibus e chorou. Gritou de desespero.
O ônibus os buscoubetpix comuma igreja, que serviu como um abrigo inicial na região. Depois, mais ônibus foram ao local resgatar o restante das famílias, que lotaram abrigos pela cidade sulista.
São Leopoldo foi a terceira cidade com mais desabrigados na primeira contagem registrada pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Segundo dados obtidos pelo Terra, no dia 12 de maio, nas primeiras semanas após o início da crise socioambiental, eram 61 abrigos com 12.003 pessoas na cidade. Ao todo, formam mais de 20 mil pessoasbetpix comcerca de 130 abrigos,betpix comcontagem da prefeitura.
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Os outros municípios com números mais expressivos foram Canoas e Porto Alegre, que são próximas de São Leopoldo e interligadas pela BR-116. Na mesma data, também de acordo com dados do Estado,betpix comCanoas, eram 79 abrigos com 21.244 pessoas, e,betpix comPorto Alegre, havia 143 abrigos com 14.113 pessoas. No total, se formaram 736 abrigos com 78.724 pessoas no Estado.
Ainda há cerca de 1.200 pessoas que devem passar o fim de ano distribuídasbetpix com27 abrigos de 17 cidades do Rio Grande do Sul, segundo a última atualização do Estado, referente ao dia 18 de dezembro.
Em São Leopoldo, o último abrigo fechou entre o final de novembro e o início de dezembro, com 15 pessoas no local. A prefeitura explicou à reportagem que foi identificado que esse grupo viviabetpix comsituação de rua antes da enchente. Por isso, elas foram "encaminhadas para a República para a Populaçãobetpix comSituação de Rua do município, encerrando as atividades do alojamento".
Natal, pro outro
É o papel que Cleia desempenha na comunidade que dará a ela, pela primeira vez, uma casa com portas e quartos -- e preparada com uma área que servirá para a cozinha comunitária. A doação vem da ONG Moradia e Cidadania, com recursos arrecadados na Campanha SOS Enchente, e apoio da Rede Solidária São Leo e da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos).
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“Eu quero pintar ela. Quero passar cera no chão. Deixar bem bonitinho, sabe? Meu sonho é esse. Meu sonho é ter uma sala e uma cozinha bonita. O quarto nem tanto. Mas o sonho dos meus filhos é cada um ter um quarto”, contou Cleia. A previsão é que a casa fique pronta ainda neste ano.
Da ONG ela também ganhou móveis e outras doações. "Eu tenho que agradecer muito a Deus pela vida que eu tenho, sabe? Pelos meus filhos estarem vivos, bem. Eu tenho muito para agradecer a Deus, mas tem muita gente que não tem".
Mesmo grata, com seu sonho começando a se concretizar, pessoalmente, Cleia não estábetpix comclima de Natal. “Meu marido chegou a comprar luzinhas de Natal e eu não quis botar, tá ali, guardado. Não estou com clima, sabe?”. Segundo ela, dessa vez, a vontade de decorar a casa não bateu nem nas crianças. Foram meses difíceis para todos.
Mas, é Natal. E seu filho menor, de 8 anos, não deixou de escreverbetpix comcartinha para o Papai Noel. Ele pediu um conjunto de roupa, um óculos, um boné e um chinelinho. A filha de 12 anos também fez seus pedidos: maquiagem e uma saia cargo. Cleia, que acredita e deseja que o ano que vem seja melhor do que o atual, deu seu jeito para realizar o desejo dos pequenos.
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Exceção
São Leopoldo não recebeu nenhuma das 292 casas temporárias que estão sendo entreguesbetpix comseis cidades pelo Estado. Segundo a Secretaria de Habitação e Regularização Fundiária (Sehab), o município está incluído no projeto, mas ainda não disponibilizou um terreno apto para a construção. “Quando encontrarem o terreno, é feita uma análise técnica para ver quantos módulos [da construção] cabem no local”, complementou a pasta.
Até o momento, por esse programa, o A Casa É Sua Calamidades - Casa Temporárias, foram beneficiados os municípios Encantado, Cruzeiro do Sul, Estrela, Triunfo, Rio Pardo e São Jerônimo.
A expectativa é que, ao todo, sejam instaladas 500 unidades habitacionais de construção modularbetpix comchassi metálico, no prazo de 30 dias a contar da liberação do terreno pelas respectivas prefeituras. As unidades medem 27 metros quadrados, têm dormitório, banheiro, e sala e cozinha conjugadas, contando com fogão e geladeira. Estão sendo empenhados R$ 66,7 milhões neste programa.
Oito meses após a enchente, 208 das casas temporárias prometidas ainda não têm destino certo – e aguardam a seleção de terrenos, como é o caso de São Leopoldo.
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São Leopoldo também está inscrita na Fase 2 da versão “Casas Definitivas” do programa, informou o Estado. Mas nada começou a ser feito porque a prefeitura também não indicou, até o momento, um terreno para as construções.
Nenhuma casa definitiva foi efetivamente entregue por esse programa no Estado.
Por hora, estão previstas construçõesbetpix com14 municípios – Arroio do Meio, Cruzeiro do Sul, Encantado, Estrela, General Câmara, Lajeado, Muçum, Putinga, Roca Sales, Santa Tereza, Venâncio Aires, Igrejinha, São Sebastião do Caí e Bom Retiro do Sul. Eles receberão, com recursos do Estado e doaçõesbetpix comparceria estadual, 776 casas definitivas. O investimento é de R$ 58,7 milhões.
Apenasbetpix comEncantado e Santa Tereza a construção já foi iniciada. O prazo é de 120 dias a partir da disponibilização do terreno preparado para início da construção. A partir disso, nesses casos que passaram a valer o prazo, a entrega deve ser feita até 20 de janeiro.
Além disso, a Prefeitura de São Leopoldo informou ao Terra que 2.349 famílias que receberam laudos definitivos de que suas casas não tem condições de serem habitadas serão contempladas pelo Governo Federal, conforme acordado com o município: com auxílio na compra de um novo imóvel, por meio de compra assistida via agência da Caixa; construção de mais de 1400 casas via recursos da Caixa e do Ministério das Cidades; ou, então, ajuda para a construção de uma nova casabetpix comum terreno da família na cidade.
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O Terra mostrou, no primeiro texto dessa dupla de reportagens -- Natal sem brilho: a vida oito meses após as enchentes na periferia de uma das cidades mais afetadas do RS --, a história de Ângela Maria Rodrigues da Cruz, que no mesmo bairro de Cleia, segue morando embetpix comcasa de madeira que quase cedeu após a enchente. A casabetpix comque mora há quase 60 anos envergou e, o que tinha dentro dela, foi perdido. Ela conta ter ido à Prefeiturabetpix combusca de benefícios de moradia há cerca de um mês e aguarda o contato para fazerem uma vistoria embetpix comcasa. Até o momento, nada foi feito.