galera bet email-Quem foi São João, o profeta que teria batizado Jesus

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Este santo é festejado tanto por seu nascimento,galera bet email24 de junho, quanto porgalera bet emailmorte, 29 de agosto.
24 jun 2024 - 14h09
(atualizado às 15h59)
João Batista,galera bet emailpintura de Bartolomé Gonzalez
João Batista,galera bet emailpintura de Bartolomé Gonzalez
Foto: Domínio Público / BBC News Brasil

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*Esta reportagem foi publicada originalmentegalera bet email23 de junho de 2022.

É um caso peculiar dentro do cristianismo: um santo festejado tanto por seu nascimento,galera bet email24 de junho, quanto porgalera bet emailmorte, 29 de agosto. Normalmente, os católicos celebram a morte do santo como aquele diagalera bet emailque eles "nascem" para a Deus.

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João Batista foi o homem que, de certa forma, abriu as portas para a missão de Jesus. Pregador itinerante nascido na Judeia, ele se tornou líder religioso de um grupo de judeus da época, exaltando a importância de valores como retidão e da prática da virtude. No intuito de purificar as almas, lançava mão do batismo — realizadogalera bet emailcursos d'água,galera bet emailcerimônias epifânicas.

O batismo não foi uma invenção de João, pois já era praticado na época. A novidade trazida por ele foi o fato de que ele não restringia a participação aos judeus, permitindo também que o ritual servisse para a conversão dos considerados pagãos — e isso motivou polêmicasgalera bet emailseu meio.

De acordo com os textos bíblicos, João era parente de Jesus. Ele era filho de Zacarias, um sacerdote, e de Isabel, uma prima de Maria, a mãe de Jesus. Segundo a literatura sagrada, Jesus iniciougalera bet emailmissão evangelizadora somente após ter sido ele próprio batizado pelo primo nas águas do Rio Jordão.

Para muitos, João é exaltado como o maior dos profetas.

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Como costumava acontecergalera bet emailgrupos religiosos daquela época — a exemplo do próprio Jesus —, as pregações de João passaram a incomodar o poder estabelecido. Preso por dez meses, provavelmentegalera bet emailalgum momento entre o ano 26 e o ano 28 da era cristã, João acabou condenado à morte pelo governante Herodes Antipas (20 a.C - cerca de 39 d.C). Não se sabe exatamente a idade que João tinha quando foi morto, mas é certo que era mais velho do que seu primo Jesus.

Por muito tempo, pairavam controvérsias sobre a historicidade de João Batista. O principal documento, contudo, que atesta agalera bet emailexistência é o livro Antiguidades Judaicas, escrito pelo historiador romano Flávio Josefo (37-100) provavelmente no ano de 94.

"João Batista é um personagem bíblico, mas para além dessa referência também há um historiador muito importante, Flávio Josefo, que se refere a elegalera bet emailsuas obras. É um historiador que tem uma visão muito isenta, porque não é ligado à tradição cristã", pondera o estudioso de hagiografias Thiago Maerki, pesquisador da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e associado da Hagiography Society, dos Estados Unidos.

"Por muito tempo houve a controvérsia se João Batista existiu de fato ou se seria uma construção lendária, literária. Tudo indica que existiu de fato, por conta de testemunhos externos à Igreja. E talvez este [o livro de Josefo] seja o mais importante", acrescenta Maerki.

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O pesquisador ressalta que Josefo "se refere a João Batista" como alguém "que costumava reunir uma multidãogalera bet emailtorno dele para ouvirgalera bet emailpregação". "Havia, portanto, muitos seguidores. E isso teria incomodado Herodes", narra Maerki. "Temia-se que João pudesse iniciar uma rebelião. Suas pregações incomodavam o poder. Por isso acaba sendo preso e mortogalera bet emailseguida."

De acordo com as narrativas antigas, foi morto por decapitação. E tevegalera bet emailcabeça apresentadagalera bet emailuma bandeja.

"Ele viveu na Galileia no reinado de Herodes e possuiu muitos seguidores, pregava aos judeus e fazia do batismo símbolo de purificação da alma. Ele era filho de Zacarias, sacerdote, e de Isabel, prima de Maria Santíssima. Além de primo de Jesus. Sua mãe, Isabel, era prima de Maria, João ainda no ventre da mãe celebrou Jesus também no ventre de Maria como vemosgalera bet emailLucas. Foi também ele o precursor de Jesus egalera bet emailmensagem salvífica", acrescenta o hagiólogo José Luís Lira, fundador da Academia Brasileira de Hagiologia e professor da Universidade Estadual Vale do Aracaú, do Ceará.

"Não bastasse tudo isso, ele batizou Jesus. Então, não só o cristianismo, mas, diversas religiões o celebram. De um modo geral, João Batista é mártir. Morreugalera bet emaildefesa da fé. E já os discípulos de Jesus o tratavam com reverência. No martirológio romano encontramos duas celebrações a ele, no nascimento e no martírio", diz ainda o hagiólogo.

Simbolismos de João

Embora existisse essa reverência ao personagem desde os primeiros cristãos, Maerki lembra que oficialmente o cristianismo só oficializou uma solenidade à natividade de São João no século 4, "conforme indícios". "Depois essa celebração foi se difundindo nos séculos seguintes e, já no século 6, houve um aprimoramento da festividade, precedida de um jejum solene, com missa de vigília e tal. Na Idade Média, há o histórico de celebrações com três missas para a data", contextualiza.

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"Era uma festa das mais importantes, das mais cultivadas e das mais populares da época. E isso é importante porque ainda hoje a gente sabe que João Batista é dos santos mais populares, mais venerados, de tradição muito forte que remonta ao período medieval."

Claro que há simbolismos, e a escolha de datas assim, provavelmente definidas a posteriori, não foi à toa. "João Batista teria sido concebido no equinócio de outono e teria nascido no solstício do verão europeu. Isso é importante. Santo Agostinho, depois, vê nisso uma espécie de confirmação cósmica do versículo bíblico que diz que é necessário 'que ele cresça e eu diminua'. Agostinho interpretou esse versículo como uma referência indireta ao nascimento de João Batista", afirma Maerki.

"Alguns teólogos ainda apontam para um certo paralelismo com o Natal de Jesus, que acontece no inverno europeu, quando analisam o natal de João, verão europeu", complementa o pesquisador.

"Isso teria dado origem a manifestações folclóricas, inclusive os fogos de São João que representam e simbolizam o nascimento do santo. É o nascimento mas também égalera bet emailreferência ao início do verão. São relações curiosas que, certamente surgiram por meios populares e foram se enraizando. Depois acabaram aceitas e cultivadas inclusive pela Igreja", diz o pesquisador.

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De qualquer forma, os próprios textos bíblicos concedem a João uma posição especial. "João é apresentado como o precursor do messias e essa imagem é muito forte, é daquele que prepara o caminho da salvação", pontua Maerki.

"Há todo um caráter messiânico. Ele vai ser apontado como o profeta que indicougalera bet emailCristo o 'cordeiro enviado para expiar os pecados do mundo', aquele que primeiramente teria vistogalera bet emailJesus o caráter daquele que teria sido enviado por Deus. E a partir daí teria iniciado um novo momento na pregação de João, não só de anunciar que o messias estava próximo mas que esse messias seria o próprio Jesus, uma tradição bíblica que depois a igreja aprofunda, desenvolve e festeja."

O Evangelho de Mateus, por exemplo, apresenta João Batista como alguém muito maior do que um profeta, como o profeta dos profetas.

"Porque, diferentemente dos profetas que falavam do futuro, ele indicou o messias no presente. Isso é muito forte na tradição religiosa. Ele é alguém que não anuncia um futuro distante, ele anuncia um messias que está presente, que se faz presente no momentogalera bet emailque ele fala", comenta o hagiólogo. Essa primazia é uma interpretação comum a muitos teólogos e estudiosos de textos sagrados.

Rivalidade fraterna

Por outro lado, enquanto a Igreja consolidou essa visão de João Batista como precursor de Jesus, pesquisas contemporâneas identificam, sobretudogalera bet emailevangelhos apócrifos — aqueles que não são considerados no cânon oficial do cristianismo — mas tambémgalera bet emailanálise dos textos que constam da Bíblia, uma certa rivalidade entre os dois líderes da mesma época e da mesma região.

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"Havia uma grande polêmica entre os discípulos de João Batista e de Jesus, e essa polêmica emerge dos próprios evangelhos. Parece que o próprio Batista não estava muito convencido do carisma profético de Jesus, da messianidade de Jesus", aponta Maerki. "Tanto que quando ele estava preso, ele enviou alguns de seus seguidores, os que mais confiava, para perguntaremgalera bet emailseu nome se Jesus era aquele que havia de vir de fato ou se ele devia esperar outro."

"Isso revela, indiretamente, uma dúvida de João Batista, ou seja, a Igreja sempre aceitou João Batista como esse grande profeta mas talvez nem o próprio João Batista acreditasse nisso", analisa o pesquisador.

Para Maerki, outro fato que corrobora essa tese é que mesmo que o relato bíblico aponte que, no episódio do batismo de Jesus, João e os demais presentes souberam, por uma voz, que estavam diante do filho de Deus, "o eleito", ele não decidiu dissolver seu grupo,galera bet emailescola de pregação, tampouco se unir aos seguidores de Jesus. "Ele continuavagalera bet emailcaminhada, paralelamente à caminhada de Jesus. Isso é muito significativo", comenta.

Ilustração do século 18 que representa o historiador Flavio Josefo
Foto: DOMÍNIO PÚBLICO / BBC News Brasil

Nesse sentido, há o entendimento de que os seguidores de João Batista poderiam respeitar e considerar Jesus um grande mestre, mas não um messias. E que,galera bet emailúltima análise, essa posição poderia ser a mesma de João, uma vez que ele manteve suas pregações.

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"Depois que Batista foi executado, formou-se um grupo de seguidores que inclusive passaram a defendê-lo como o verdadeiro messias", conta Maerki. "Ele se transformougalera bet emailuma espécie de rival de Jesus. Isso não é comentado na bíblia canônica, mas aparecegalera bet emailtexto apócrifos."

No texto apócrifo conhecido como Evangelho de Tomé, Jesus teria dito que "ninguém é tão maior do que João Batista". "Isso é parecido com o Evangelho de Lucas,galera bet emailque aparece algo assim, de que 'entre os nascidos de mulher, não há profeta maior do que João Batista, mas o menor no Reino de Deus é maior do que ele'", diz o pesquisador.

"Isso talvez seja o pano de fundo, e essa fala de Jesus seja justamentegalera bet emailtorno dessa polêmica, dessa rivalidade existente entre os dois", explica.

Festas juninas

Polêmicas à parte, fato é que João Batista se tornou das figuras mais importantes para o cristianismo, e um santo muito popular. Como personagem, transcende o catolicismo — tornou-se figura folclórica, celebrada, ao lado de Santo Antônio e São Pedro, nas famosas festas juninas tão tradicionais nesta época do ano no Brasil.

Algumas lendas ajudam a explicar os elementos típicos da comemoração. "Uma antiga tradição diz que João nasceu no alto de uma montanha e que uma fogueira foi acesa quandogalera bet emailmãe, Isabel, entrougalera bet emailtrabalho de parto para avisar aos parentes que moravam na planície. Pode ser daí o início das festas de junho, juninas", diz Lira.

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"Primeiro se celebra Santo Antonio, jovem na história do cristianismo, depois João e Pedro contemporâneos de Jesus. As festas brasileiras vieram com o colonizador português e aqui no Nordeste brasileiro têm características bem próprias e animam as noites do sertão e da cidade, incluindo a tradição de se tomar afilhados, padrinhos, compadres de fogueira, com a intercessão do santo."

"Nos locais nos quais João é padroeiro o novenário é de nove dias, sendo o dia 24 o principal da festa. Catolicamente é esse o rito, mas, o folclore o celebra com fogueira na véspera e outras tradições. A Igreja celebra do seu modo a festa, mas, não há qualquer tipo de proibição formal aos outros festejos aos santos. E viva São João", enaltece o hagiólogo.

Arcebispo do Rio de Janeiro, o cardeal Orani João Tempesta — que tem João como segundo nome justamente porque nasceu na véspera da festa de João Batista,galera bet email1950 — também vê com bons olhos as festividades populares.

"O mês de junho traz para nós, brasileiros, a oportunidade de confraternização, participação e, ao mesmo tempo, alegria", comenta ele. "É tempo de comemorar os santos Antônio, João e Pedro e, também, confraternizar com as pessoas juntos, sentir essa proximidade, celebrar a presença na região, na cidade."

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"Vemos São João sendo celebradogalera bet emailtodo lugar, com tradições, alimentos, bebidas, fogueira, fogos, bandeirinhas… Enfim, cada lugar tem um pouco suas características. Como nasci na véspera de São João, nunca faltou,galera bet emailminha infância a comemoração folclórica da festa de São João, com os doces próprios e as comidas típicas", ressalta o cardeal. "Isso faz bem para o povo. Nosso povo necessita desses momentos de folguedo, de podermos estar um pouco mais tranquilos e celebrando uns com os outrosgalera bet emailmeio a tantas dificuldades."

Tempesta acredita que tais eventos servem para que todos possam "festejar a nossa esperança e a confiança de poder ver dias melhores de paz e fraternidade".

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Fontes de referência

  1. como apostar no esporte 365
  2. cadastro betano
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