site de apostas europeu-Prisão após segunda instância: os argumentos de cada lado no julgamento do STF
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Supremo retoma na manhã desta quarta-feira (23) julgamento sobre o tema, com manifestações do Ministério Público e da AGU; conheça os principais argumentos de cada um dos lados.site de apostas europeu de :Temos os melhores relatórios de previsão, você está convidado a participar
O Supremo Tribunal Federal (STF) retomará nesta quarta-feira (23) o julgamento que deve ser o mais importante do tribunal este ano: afinal, um réu condenado pela segunda instância da Justiça pode começar a cumprir pena imediatamente, ou só depois que esgotar todos os recursos disponíveissite de apostas europeutribunais superiores — o chamado "trânsitosite de apostas europeujulgado"?
Desde 2016, o Supremo Tribunal Federal entende que o réu pode começar a cumprir pena logo depois de condenado por um tribunal colegiado — isto é, após a condenação pela segunda instância. Agora, este entendimento pode ser revisto.
Se a mudança se concretizar, será a terceirasite de apostas europeupouco mais de dez anos: a prisão depois da segunda instância era permitida até 2009, quando o Supremo decidiu que esta possibilidade não estava de acordo com a Constituição. Em 2016, o entendimento mudou.
O julgamento deve entrar esta semana emsite de apostas europeufase mais crítica: os votos de cada um dos 11 ministros que integram a corte.
Não é possível saber o entendimento de cada um dos ministros de antemão, mas o histórico de votações de cada um deles indica qual pode ser asite de apostas europeuposição.
Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux, Cármen Lúcia e o relator da Lava Jato no STF, Edson Fachin, sempre se manifestaram a favor da prisão já após a segunda instância.
Do outro lado, os ministros Ricardo Lewandowski, Celso de Mello e Marco Aurélio Mello (relator do caso atual) sempre votaram a favor da prisão somente após o trânsitosite de apostas europeujulgado. Estes ministros formam o grupo apelidado de "garantista" no tribunal.
O ministro Gilmar Mendes já votou das duas formas — mas recentemente tem feito críticas à prisão após segunda instância. Em entrevista à BBC News Brasil no último dia 11 de outubro, disse que pode adotar a posição de Marco Aurélio, Lewandowski e Celso de Mello. "Eu estou avaliando essa posição. Mas na verdade talvez reavalie de maneira plena para reconhecer (a possibilidade de prisão apenas depois de) o trânsitosite de apostas europeujulgado", disse.
Há menos indicações sobre os votos da ministra Rosa Weber e do presidente da Corte, Dias Toffoli.
Em 2018, Weber disse quesite de apostas europeuopinião pessoal era contra a prisãosite de apostas europeusegunda instância — mas votou de forma diversasite de apostas europeuum caso envolvendo o ex-presidente Lulasite de apostas europeurespeito ao entendimento vigente no tribunal. Agora, com o tribunal julgando o tema de forma abstrata, Weber pode se alinhar ao grupo "garantista".
Na primeira sessão de julgamento, na última quinta-feira (17), o Supremo ouviu a Defensoria Pública da União (DPU), que defende a prisão somente após o trânsitosite de apostas europeujulgado. Falaram também advogados que argumentaram pelos dois lados da disputa.
Agora, nesta quarta-feira (23) serão ouvidos os representantes da Procuradoria-Geral da República (PGR) e da Advocacia-Geral da União (AGU). Os dois órgãos têm posição a favor da regra atual — isto é, de que o réu possa ir para a cadeia já depois de condenado na segunda instância.
O julgamento atual do STF se baseiasite de apostas europeutrês Ações Declaratórias de Constitucionalidades (ADCs), apresentadas pelo antigo Partido Ecológico Nacional (PEN, atualmente rebatizado de Patriota); pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB); e pelo Partido Comunista do Brasil (PC do B).
A decisão do STF tem potencial de tirar da cadeia milhares de pessoas hoje presas, entre elas o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em seu caso mais adiantado, o do chamado "tríplex do Guarujá", Lula já teve recurso negado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) — o equivalente à "terceira instância" no sistema brasileiro.
Em geral, representantes do Ministério Público costumam dizer que uma eventual mudança de posição do STF — garantindo a possibilidade de mais recursos antes da prisão — pode provocar impunidade, especialmente de pessoas com dinheiro para contratar advogados.
Mas quais outros argumentos — contra e a favor — já surgiram ou devem aparecer ao longo do julgamento?
A reportagem da BBC News Brasil conversou com o advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, e com o procurador da República Bruno Calabrich para colher argumentos contra e afavor da mudança de entendimento do STF.
Contra a mudança: STF não pode contrariar própria decisão de 2016
Para o procurador da República Bruno Calabrich, o Supremo arriscarásite de apostas europeuprópria autoridade e o chamado "sistema de precedentes" do direito brasileiro caso mude de entendimento e passe a proibir a prisão após condenaçãosite de apostas europeusegunda instância. Isto porque,site de apostas europeudezembro de 2016, o tribunal reafirmou a tese contrária ao julgar um recurso com repercussão geral reconhecida — ou seja, que criou precedente para todos os tribunais do país.
"No final de 2016, o tribunal julgou um Recurso Extraordinário (RE), com repercussão geral, e reafirmaram o entendimento", diz ele. "Ao julgar o RE, o STF tomou uma decisão que tem força obrigatória para todo o Judiciário, e que o próprio Supremo deveria respeitar", disse o procurador à BBC News Brasil.
O procurador admite que o tribunal pode mudar seu entendimento — no direito, o fenômeno é conhecido como "mutação constitucional", e ocorre quando há uma mudança significativa na sociedade ou no contextosite de apostas europeuque a norma é aplicada. Não seria este o caso no momento, para ele. A simples mudança da composição do STF não deveria ser justificativa para a corte mudar de ideia, diz.
A favor: Constituição é clara e STF não deve 'interpretar' livremente
Kakay é um dos principais advogados criminalistas do país. Segundo ele, o texto da Constituição é claro ao dizer,site de apostas europeuseu artigo 5º, que "ninguém será considerado culpado até o trânsitosite de apostas europeujulgado" do processo.
"Não é possível que uma cláusula pétrea da Constituição, que é absolutamente clara, possa ser interpretada livremente por um ministro do Supremo (...). O Supremo pode muito, mas não pode tudo. Nenhum poder pode tudo. A interpretação, neste caso, é literal. Se nós permitirmos que, ao sabor dos tempos, ao sabor do momento político, cada juiz tenha asite de apostas europeuinterpretação, aí sim causará uma profunda insegurança jurídica", disse ele à BBC News Brasil.
Kakay argumenta ainda,site de apostas europeuum texto anterior sobre o tema, que o Código de Processo Penal (CPP) também é explícito ao dizer que "ninguém poderá ser preso senão (...)site de apostas europeudecorrência de sentença condenatória transitadasite de apostas europeujulgado" (art. 283). O artigo, para o advogado, está plenamente de acordo com o que diz a Constituição.
"O que nós queremos é que seja cumprida a Constituição. Quem for contrário a esta norma, que trabalhe então para que haja uma mudança dentro do Legislativo. O Judiciário não pode enfrentar uma cláusula pétrea", diz.
Contra: maioria dos países permite prisão após 2ª instância ou antes
Calabrich diz que, se o STF mudar novamente seu entendimento, o Brasil se distanciará da maioria dos países democráticos do mundo. Fora do Brasil, diz, a prisão geralmente é permitida já após a primeira ou após a segunda instância.
"O Brasil estará dando uma amplitude à presunção de inocência que nenhum outro país do mundo dá. Em geral, nos outros países, o entendimento é o de que ninguém é considerado culpado até que um tribunal, seguindo as regras do jogo, o considere culpado", diz.
O procurador cita o caso de Portugal: a Constituição do país ibérico possui um texto similar ao da brasileira, segundo o qual "O arguido (réu) se presume inocente até ao trânsitosite de apostas europeujulgado da sentença de condenação, devendo ser julgado no mais curto prazo compatível com as garantias de defesa". E no entanto,site de apostas europeuPortugal existe prisão após a segunda instância, segundo o procurador.
Esta reportagem da BBC News Brasil mostra como são as regrassite de apostas europeudiferentes países ao redor do mundo.
A favor: mais pobres serão os maiores atingidos
Na semana passada, advogado público Gabriel Faria Oliveira, hoje chefe da Defensoria Pública da União (DPU), argumentou no Supremo que os réus mais pobres serão os mais afetados por uma eventual manutenção da prisão após segunda instância.
"Existe o discurso falacioso de que este caso só beneficiaria aos crimes de colarinho branco. Não é questão de beneficiar. Atinge a todos igualmente, porque a Constituição tem como destinatários todos os brasileiros", disse Kakay à BBC News Brasil.
"Na realidade, quando a Defensoria Pública entrou como amicus curiae (tipo de intervenção de terceiros no processo), ela veio materializar aquilo que nós falávamos: que o cliente preferencial desta ação é exatamente o cliente da defensoria pública. O negro, o pobre, o despossuído, sem rosto, sem voz. Aquele que muitas vezes não tem condição sequer de se fazer representar por advogado", completou o criminalista.
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