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A semana começou com Lula chorando ao lembrar de seu tempo na prisão e afirmando que, na época, só pensavarede de apostas esportivasferrar (ele usou outro verbo) com o Moro. No dia seguinte, uma operação da Polícia Federal desarticulou uma trama do PCC para matar autoridades, entre elas, Sergio Moro - ex-ministro da Justiça e hoje senador pelo União Brasil, partido com ministérios no governo petista.
O timing da fala de Lula não poderia ser pior. Serviu para alimentar a onda de fake news deflagrada ontem que incluía o presidente na República na trama. Nada mais falso e injusto, uma vez que a operação que desbaratou os planos da facção criminosa partiu da Polícia Federal, submetida ao Ministério da Justiça. A resposta dos petistas, no entanto, deixam à mostra um problema. A régua de normalidade institucional e democrática dos anos Bolsonaro (2019-2022) é tão baixa que qualquer coisa que se faça dentro do papel das instituições parece coisa de outro mundo.
PublicidadeA presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse que o governo estava dando a Sergio Moro uma “aula de civilidade e democracia”. Desculpe, senhora, a Polícia Federal estava apenas cumprindo seu papel. Cabe aqui a boa e velha resposta que ouvimos de nossas mães quando achamos que tirar notas boas é um grande feito: “Não fez nada mais que a obrigação”.
Hoje, o presidente voltou ao assunto, ao dizer que “é visível ser uma armação de Moro” a inclusão do nome do senador na lista de marcados para morrer nas mãos do PCC. “Não vou atacar ninguém sem ter provas. E se for mais uma armação ele vai ficar mais desmascarado ainda”, disse Lula. Não vai atacar sem provas, mas atacou.
Uma suposta falsa inclusão do nome de Moro nessa lista do PCC enseja muitas perguntas que o presidente agora terá de responder: como Moro poderia influenciar nessa lista? A investigação da PF foi tendenciosa? São questões graves, que carecem de investigação e seriedade. Acusar sem acusar não é papel de um presidente.
Enfim, Lula tem de descer do palanque. A eleição acabou e seu discurso hoje tem o peso da fala de um chefe de Estado.
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