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Autoridades dos poderes Legislativo e Judiciário, políticos e jornalistas foram alvos de monitoramento ilegal realizado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). É o que aponta a investigação realizada pela Polícia Federal.
Entre os nomes apontados como vítimas da espionagem ilegal, que ficou conhecida como 'Abin Paralela', estão o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal; o presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira (PP-AL); e o senador Renan Calheiros (MDB-AL). Até o ex-governador João Doria, de São Paulo, teria sido monitorado.
Nesta quinta, 11, a PF deflagrou a 4ª fase da Operação Última Milha, que tem como alvos os ex-servidores cedidos para a Abin e influenciadores digitais que trabalhavam no chamado "gabinete do ódio" do governo Bolsonaro. Nesta manhã, Moraes também derrubou o sigilo da operação, que tem como objetivo desarticular uma organização criminosa voltada ao monitoramento ilegal dessas autoridades e à produção de notícias falsas, utilizando-se de sistemas da agência de inteligência.
O documento ao qual o Terra teve acesso aponta que a estrutura paralela era utilizada para obter vantagens políticas sobre opositores. De acordo com a PF, as informações sobre as pessoas espionadas ilegalmente foram encontradascomo funciona o saque na arbetyarquivos, documentos e dispositivos eletrônicos de ex-integrantes do órgão, materiais estes apreendidos pelos agentes no decorrer da investigação.
Veja quem são as vítimas da 'Abin paralela'
Poder Judiciário: ministros do STF Alexandre de Moraes, Roberto Barroso, Dias Toffoli e Luiz Fux;
Poder Legislativo: deputados federais Rodrigo Maia, Joice Hasselmann, Arthur Lira, Kim Kataguiri; e senadores Alessandro Vieira, Omar Aziz, Renan Calheiros e Randolfe Rodrigues;
Poder Executivo: ex-governador de São Paulo, João Dória; os servidores Hugo Ferreira Netto Loss e Roberto Cabral Borges, do Ibama; e os auditores Christiano José Paes Leme Botelho, Cleber Homen da Silva e José Pereira de Barros Neto, da Receita Federal.
Jornalistas: Monica Bergamo, Vera Magalhães, Luiza Alves Bandeira e Pedro Cesar Batista.
O aplicativo espião usado pela 'Abin Paralela' é o FirstMile, que monitora a localização de cidadãos a partir de dados do celular. O sistema seria capaz de identificar a Estação Rádio Base (ERB) e indicar a localização de qualquer celular monitorado, sem a necessidade de interferência e/ou ciência das operadoras de telefonia. O programa foi obtido por R$ 5 milhões, segundo a PF.
Durante as investigações, as autoridades descobriram que Joice Hasselmann e Rodrigo Maia foram monitorados clandestinamente a pedido do então diretor-geral da Abin, Alexandre Ramagem Rodrigues, segundo a PF. O objetivo da espionagem era vincular Maia a um advogado.
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Questionar sistema eleitoral
Diálogos interceptados pelos agentes, como o que aconteceu entre Giancarlo Gomes Rodrigues e Marcelo Araújo Bormevet, indicam "possíveis ações clandestinas" contra Moraes e o ministro Roberto Barroso, a fim de questionar a credibilidade do sistema eleitoral. Tanto Rodrigues quanto Bormevet foram presos durante a operação desta quinta.
Segundo a PF, foi criado um dossiê, "produto da ação ilícita", para vincular Moraes ao delegado de Polícia Civil Osvaldo Nico Gonçalves. A autoridade é responsável pela prisão do ex-assessor de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz,como funciona o saque na arbety2020.
Família Bolsonaro
Ainda conforme apurado pela PF, a 'Abin Paralela' foi instrumentalizada para monitorar pessoas envolvidas nas ações contra familiares de Jair Bolsonaro. Por exemplo, sobre a investigação relacionada ao filho mais novo do ex-presidente, Jair Renan Bolsonaro, foram monitorados Allan Lucena, ex-sócio dele, e Luís Felipe Belmonte.
Já quanto às investigações relacionadas ao senador Flávio Bolsonaro, a PF encontrou o uso da estrutura ilegal para monitorar auditores da Receita Federal responsáveis pelo relatório de inteligência fiscal (RIF). O RIF deu origem à apuração de desvio de parte dos salários dos funcionários da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), que ficou conhecido como "Caso da Rachadinha".
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O objetivo do monitoramento era "encontrar podres relações políticas" sobre os auditores, e, a partir disso, instaurar procedimento administrativo contra eles, a fim de anular a investigação. Também havia a intenção de exonerar os agentes públicos de seus respectivos cargos.
Operação
De acordo com informações do colunista do Terra Guilherme Mazieiro, quatro pessoas já foram presas nesta nova fase da operação. Além de Giancarlo Gomes e Marcelo Bormevet, Matheus Sposito, ex-assessor da Secretaria de Comunicação Social (Secom) na gestão anterior, e Richards Dyer Pozzer também foram presos.
Conforme levantado pelo jornal O Globo, Marcelo Araújo Bormevet, um dos alvos da 4ª fase da operação, é agente da Polícia Federal desde 2005 e integrou a equipe de segurança do ex-presidente Jair Bolsonaro durante a campanha de 2018. Ele ganhou a confiança do ex-presidente e do delegado Alexandre Ramagem, que o nomeou chefe do Centro de Inteligência Nacional (CIN) da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, Bormevet foi assessor na Subchefia Adjunta de Infraestrutura da Casa Civil, cargo do qual foi afastado por ordem do ministro Alexandre de Moraescomo funciona o saque na arbetyjaneiro deste ano.
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Matheus Sposito, também preso, foi assessor da Secom no governo Bolsonaro e é investigado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid por suposta participaçãocomo funciona o saque na arbetyum 'gabinete paralelo' que promovia o uso de medicamentos sem eficácia comprovada.
Quem também aparece nas investigações é Giancarlo Gomes Rodrigues. No períodocomo funciona o saque na arbetyque o grupo criminoso atuava, o militar trabalhava como assessor do então diretor da Agência, Alexandre Ramagem.
O quarto alvo é Richards Dyer Pozzer, empresário que já foi investigado pela CPI da Covid por produção de notícias falsas e distribuição de fake newscomo funciona o saque na arbetyredes sociais.
Esquema
Em comunicado, a Polícia Federal (PF) informou que os investigados poderão ser responsabilizados por crimes de organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivo informático alheio.
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Além de policiais federais e servidores da Abin, o então diretor Alexandre Ramagem e o vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro, estão sob investigação por suposta participação na chamada 'Abin paralela'. Mandados de busca e apreensão foram expedidos contra eles, e ambos negam as acusações.