spicy bet casino-"Eles estão adoecidos": desafios na escola provocam ansiedadespicy bet casinoprofessores da rede pública

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Professores contam como falta de estrutura, turmas lotadas, desinteresse dos estudantes e salários defasados afetam a saúde mental
15 out 2023 - 05h00
(atualizado às 12h17)

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Ana (nome fictício), de 33 anos, é professora de língua portuguesa do ensino fundamental 2 (6º ao 9º anos). Já são, ao todo, 12 anos trabalhandospicy bet casinosala de aula, semprespicy bet casinoescola pública. Ela gosta do que faz. Está sempre "tentando fazer o melhor". Mas, de um ano e meio pra cá, isso se tornou uma tarefa difícil e que tem custado aspicy bet casinosaúde mental. 

Ela conta que, desde que começou a ensinar na rede pública de Salvador, se sente "extremamente ansiosa", a ponto de precisar de ajuda psicológica. Antes disso, ela ensinavaspicy bet casinouma escolaspicy bet casinouma cidade da região metropolitana.

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"A partir do momento que eu comecei a trabalhar aquispicy bet casinoSalvador, foi quando eu passei no concurso e tudo mais, coincidentemente, meses depois, eu comecei a fazer terapia. E essa terapia eu atribuo 100% ao meu trabalho na minha escola atual. O que me fez procurar essa terapia foi esse movimento de ansiedade mesmo", relata.

Ter que ensinarspicy bet casinouma sala calorenta e abafada, porque os ventiladores estão quebrados, deixa Ana ansiosa. Não ter papel para fazer cópias de atividades para os alunos a deixa ansiosa. Tentar ensinar alunos que não perguntam, que não interagem, que parecem desinteressados é outra fonte de ansiedade. E receber todo mês um salário abaixo do piso também impacta Ana. 

Você sente que você não tem o mínimo pra trabalhar, e isso gera uma frustração, gera uma impotência. E se você é um professor minimamente comprometido, isso te machuca porque você percebe que você não está conseguindo fazer o seu melhor [...] Você se sente fracassado mesmo. 

Professores adoecidos

Ana preferiu não se identificar, para não se expor, nem expor a escola onde ensina. Mas ela diz que as queixas não são só dela. "Eu acho difícil você conversar com qualquer colega meu e ouvir coisas diferentes do que você está ouvindo de mim, porque é uma coisa muito unânime mesmo, não é algo pontual. Os professores estão adoecidos. Eles chegam na escola querendo ir embora, pedindo pra chegar a hora de ir embora, entende?", desabafa.

E, de fato, pesquisas revelam que a realidade da professora Ana é parecida com a de outros docentes da rede pública de ensinospicy bet casinotodo o País.

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7 a cada 10 professores dizem se sentir estressados no trabalho, aponta pesquisa
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Foto: Getty Images

Cuidado com a saúde mental

"A minha saúde física e mental anda bem difícil". Foi assim que Maria (nome fictício), de 40 anos, começou a responder quando perguntada sobre como andava aspicy bet casinosaúde mental. 

Ela é professora há 24 anos. Atualmente, trabalhaspicy bet casinouma escola públicaspicy bet casinoum bairro nobre de São Paulo. Ela cuida de duas turmas, com 28 crianças cada, com idades entre 3 e 6 anos, algumas com deficiência física ou mental. Ela fala que até conta com algum apoio fora de sala de aula, por conta dos alunos com deficiência, quando eles precisam comer ou se locomover, mas "dentro da sala de aula, só sou eu mesma, com 28 crianças".

"A minha saúde física e mental anda bem difícil porque não é só a demanda da escola, né? A gente que é mãe tem dupla jornada. Então eu fico esgotada fisicamente e mentalmente. São duas turmas, são 56 crianças, são 56 famílias e 56 demandas."

“A gente tem crianças que necessitavam de apoios de psicólogos, apoios multidisciplinares que são prometidos para a escola, mas eles não chegam. Então esses apoios fazem muita falta no dia a dia da escola e comprometem a nossa saúde física e mental para lidar com essa demanda todinha”, complementa.

Para conseguir lidar com essas dificuldades, ela faz terapia com psicólogo e paga as sessões do próprio bolso. Ela conta que, por ser funcionária pública, poderia contar com o atendimento que é oferecido gratuitamente no Hospital do Servidor Público Municipal, mas ela diz que a quantidade de vagas oferecidas é limitada e não consegue atender todos os professores do município.

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Excesso de trabalho, falta de estrutura e salários baixam estão entre as principais reclamações dos professores
Foto: GettyImages

"A gente tem que bancar a nossa saúde mental particular. Porque eles têm até alguns projetos dentro do [Hospital do] Servidor Público, mas não atende toda a demanda", diz.

E, além de terapia, Maria busca outras formas de se manter saudável mentalmente. "São momentos que a gente consegue, que são raros, para o lazer, leitura e estudar, que, para mim, sempre foi algo que faz parte da manutenção da minha saúde mental", detalha.

A professora Ana, lá de Salvador, também paga pelas consultas com psicólogo, mas desembolsa um valor menor, "como se fosse uma tarifa pela metade". E isso é possível porque, no caso da rede pública de ensino da capital baiana, existe, segundo ela, uma parceria entre a prefeitura e clínicas particulares, que oferecem descontos.  

José Benetti é professor de artesspicy bet casinouma escola públicaspicy bet casinoPorto Alegre
Foto: Arquivo pessoal

Cuidar de si para cuidar melhor do outro

É cuidando da saúde daspicy bet casinomente que o professor José Benetti, de 41 anos, tem conseguido se sentir melhor e também cuidar um pouco melhor dos seus alunos. Ele é professor de artesspicy bet casinouma escola públicaspicy bet casinoPorto Alegre. Ele trabalha na área da educação há cerca de dez anos.

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"Eu percebo que, no dia a dia, várias vezes eu me desestabilizo, me desequilibro, eu grito com os alunos. Quando isso acontece, eu paro e penso: 'O que que tá acontecendo?' Tá faltando eu olhar com mais amorosidade naquele momento. Não que o gritospicy bet casinosi seja um problema, porque às vezes ele precisa pra poder conter alguma situação, mas se ele vem com raiva e não vem com amor, ele bloqueia a conexão, ele bloqueia o vínculo. E esse vínculo de afeto precisa acontecer, senão não tem aprendizagem", relata. 

O professor conta que faz terapia com psicóloga, frequenta um centro budista e, este ano, participou de uma série de cursos que forneceram ferramentas para que ele pudesse cuidar melhor de si e dos alunosspicy bet casinosala de aula. 

Os cursos fazem parte do programa SEE Learning (Social, Emotional and Ethical Learning, traduzido para o português como Aprendizagem para Corações e Mentes), que é oferecido gratuitamente pela ONG Gaia+, fundadaspicy bet casino2014 e que tem como foco a educação com compaixão.

O projeto surgiuspicy bet casino2021. Segundo Eduardo Pacífico, um dos fundadores e diretores da ONG,spicy bet casinopouco mais de dois anos, foram formados quase 2 mil professores de 445 municípios de todas as regiões do País.

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Eduardo Pacífico é um dos fundadores e diretores da ONG Gaia+
Foto: Divulgação/Gaia+

"A gente tem uma série de dados mostrando que o quanto participar das aulas do curso reduz estresse, reduz ansiedade, reduz frustração, aumenta bem-estar, atenção, motivação e o quanto isso é importante para os professores e o quanto isso reflete na sala de aula, reflete nos alunos, refletespicy bet casinotodo o clima escolar", comemora. 

Eduardo Pacífico explica que o programa, criado pelo Centro para Ciência Contemplativa e Ética Baseada na Compaixão, da Universidade Emory, dos Estados Unidos, foi adaptado para o contexto brasileiro pela Gaia+ e é alinhado às diretrizes propostas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

"Eu me sentia inspirado quando encontrava o grupo, nas partilhas, quando as pessoas falavam das suas realidades da sala de aula", lembra José Benetti. O professor fala que, durante os cursos, aprendeu formas mais lúdicas de praticar a meditação com os alunosspicy bet casinosala de aula, além da importância de estimular os estudantes a observarem como estão se sentindospicy bet casinocada momento.

"[Aprendi também] a dar voz para eles, sentarspicy bet casinoroda, e cada um se escuta. Dar esses passos pra eles se escutarem porque essa educação, que só o professor fala, os alunos escutam, têm que ficarspicy bet casinosilêncio e não podem conversar, é muito ultrapassada", diz.

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O professor só lamenta que ainda não tenha conseguido implementarspicy bet casinosala de aula tudo que aprendeu durante os cursos. "Esse treinamento oferece ferramentas, mas nem sempre dá pra aplicar no dia a dia por conta da correria, por conta do sistema mesmo, né, que às vezes,spicy bet casinogeral, é engessado", fala.

Fonte: Redação Terra

Fontes de referência

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