Resumo
Metade dos estudantes brasileiros não concluem o ensino fundamental na idade certa, segundo um estudo do Observatório da Fundação Itaú. Estudantes com maior vulnerabilidade têm menor índice de trajetória regular.
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Metade dos alunos das escolas brasileiras não conseguem concluir o ensino fundamental dentro da idade certa e com trajetória regular, aponta uma pesquisa do Observatório da Fundação Itaú divulgada nesta segunda-feira, 18.
O estudo analisou dados entre 2007 e 2019 de estudantes brasileiros nascidos entre 1º de julho de 2000 e 30 de junho de 2005. A pesquisa é uma parceria dos pesquisadores Chico Soares, Clarissa Guimarães Rodrigues, Izabel Costa da Fonseca e Maria Teresa Gonzaga Alves.
De acordo com o levantamento, 52% da população nascida entre 2000 e 2005 conseguiu concluir o ensino fundamental na idade adequada, que são nove anos, e 41% finalizaram o ensino médio na idade esperada, doze anos.
Cerca de 10% dos estudantes saíram do sistema de ensino antes de completar o ensino fundamental. No ensino médio, o percentual é ainda maior: cerca de 28%.
Trajetórias educacionais
De modo geral, as trajetórias educacionais, período desde o ingresso no sistema educacional até a conclusão, são poucos regulares para os estudantes da educação básica. Porém, o que chama a atenção é a regularidade desse ponto01 betestudantes do sexo masculino, que estudam01 betescolas de baixo nível socioeconômico, com deficiência, negros e indígenas.
Segundo o estudo, a trajetória de estudantes do ensino fundamental que se enquadram01 betum Nível Socioeconômico (NSE) mais baixo é de 38%, enquanto os que têm um NSE mais alto é de 70%.
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Quando olhamos mais profundamente dentro dessas minorias, os estudantes mais prejudicados são os indígenas, com apenas 23% de trajetória regular. Seguidos pelos estudantes pretos e pardos, com números entre 46% e 41%. Os alunos brancos possuem um índice de 62%.
“O resultado que chamou muito a atenção foi a questão01 bettermos de raças e etnias. Entre os estudantes brancos [...] são seis01 betcada dez estudantes que têm trajetória regular entre a população branca. Entre a população negra, ai já vai caindo. Fica quatro01 betcada dez crianças com trajetória regular, mas01 betindígenas é dois01 betcada dez”, destacou Esmeralda Macana, coordenadora do Observatório da Fundação Itaú.
Esmeralda aponta que dados sobre esse direito são muito invisibilizados e mostram o tamanho da desigualdade. “A gente não está olhando para populações que precisam, para as populações vulneráveis e foi o que mais nos impactou”, explicou.
De 100 estudantes com deficiência, 78 não concluem o ensino fundamental na idade certa. Segundo o levantamento, mais da metade dos estudantes com deficiência, cerca de 64%, possuem trajetórias com irregularidades.
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Método de pesquisa
Os pesquisadores explicam que o estudo foi feito usando como base o acompanhamento do estudante ao longo de01 betpassagem pelo ensino fundamental e pelo ensino médio. Foram observados dois pontos de análise: a trajetória de nove anos, do 1º ao 9º ano, e a trajetória de 12, que é o período completo, do 1º ao 9º ano, mais o ensino médio.
A partir desse corte, foram analisados dados do banco longitudinal do Censo Escolar da Educação Básica de 2007 a 2019, analisando a população nascida entre 1º de julho de 2000 e 30 de junho de 2005.
“O indicador de trajetória educacional é construído a partir de informações sobre as matrículas dos estudantes01 betcada ano escolar, a situação do estudante ao final do ano letivo e01 betsituação no ano letivo subsequente. Além disso, consideramos as variáveis sexo, raça/cor e necessidades especiais do “Censo escolar” e trouxemos informações sobre o nível socioeconômico das escolas, calculado com base nos dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e do Cadastro Único”, explicaram os estudiosos na pesquisa.
Para Esmeralda, estudos como esse são essenciais para o monitoramento da garantia do direito à educação e acompanhar a qualidade do ensino no Brasil.
“A partir desse indicador nós queremos ter uma mensagem-chave que é a garantia do direito à educação não pode ser medida só a partir da aprendizagem. Para termos aprendizagem vai ser necessário, primeiro, que a criança possa acessar a escola e, segundo, que ela permaneça para que possa aprender”, pontua Macana.