análise fifa bet365 grátis-'Tragédia no RS é responsabilidade também de senadores e deputados que desmontam legislação ambiental', diz secretário do Observatório do Clima

análise fifa bet365 grátis

Governos precisam sair do atendimento emergencial para planejar estratégias de adaptação e mitigação do "novo normal" climático, diz Márcio Astrini
4 mai 2024 - 06h42
(atualizado às 07h33)
253 municípios foram afetados por chuvas no Sul
253 municípios foram afetados por chuvas no Sul
Foto: EPA-EFE/REX/Shutterstock / BBC News Brasil

análise fifa bet365 grátis de :Temos os melhores relatórios de previsão, você está convidado a participar

As fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul, as mais intensas registradasanálise fifa bet365 grátisterritório gaúchoanálise fifa bet365 grátisdécadas, já deixaram dezenas de mortos, causaram estragosanálise fifa bet365 grátis265 municípios, romperam uma barragem e desalojaram mais de 24 mil pessoas. Há ainda mais de 60 pessoas desaparecidas enquanto o mau tempo já provoca danosanálise fifa bet365 grátisoutros Estados do Sul.

Os governos federal e estadual criaram uma força-tarefa e tentam evitar mais mortes promovendo evacuações e retirando pessoas de áreas de risco.

Publicidade

Mas a responsabilidade não é apenas dos governos estaduais e federal, diz Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima (OC), mas também do Congresso — pois as tragédias são resultado da falta de adaptação e de combate às mudanças climáticas, duas áreas onde os Executivos precisam fazer mais e onde o Legislativo têm promovido ativamente retrocessos, na opinião dele.

"A maioria conservadora tem aprovado diversos projetos considerados nocivos para o meio ambiente. Nunca tivemos um Congresso tão dedicado a desmontar", afirma o especialistaanálise fifa bet365 grátispolíticas públicas à frente do Observatório do Clima, rede de entidades que monitora a questão climática no Brasil.

Além disso, segundo Astrini, ações que se limitam às respostas de emergênciaanálise fifa bet365 grátissituações de crise não são suficientes. Eventos extremos como esse — cada vez mais comuns por causa das mudanças climáticas — não podem mais ser tratados como "imprevistos".

Embora nem sempre seja possível prever com precisão a intensidade de um evento extremo, já sabemos que eles se tornarão mais frequentes — e quais as medidas que precisam ser tomadas para nos adaptarmos a eles, afirma o especialista.

Publicidade

Modelos climáticos preveem há décadas um aumento de chuvas extremas no sul da América do Sul, incluindo toda a bacia do Prata (formada pelos rios Paraná e Uruguai), lembra Astrini.

"O maior problema que a gente enfrenta neste momento não é a previsão, é a aceitação", afirma Astrini. "A gente precisa aceitar que, infelizmente, esse é o novo normal. Mas não basta aceitar pacificamente, é preciso aceitar e tomar atitudes."

"Todo ano o governo do Rio Grande do Sul fica extremamente espantado que as chuvas são intensas. O governo do Rio de Janeiro fica super surpreso quando aconteceanálise fifa bet365 grátisPetrópolis. É uma surpresaanálise fifa bet365 grátisSão Sebastião (SP), no norte de Minas Gerais,análise fifa bet365 grátisRecife (PE), no sul da Bahia. Só que acontece que já faz nove anos consecutivos que as médias de temperatura do planeta são as mais quentes já registradas. Não tem mais surpresa. A gente precisa se preparar para isso", afirma Astrini.

Dinheiro investidoanálise fifa bet365 grátisprevenção evita tragédias, diz Astrini
Foto: Diego Vara/Reuters / BBC News Brasil

Mitigação, adaptação e redução de danos

Astrini explica que existem três tipos de resposta possíveis diante da crise climática: a mitigação das causas, a adaptaçãoanálise fifa bet365 grátispreparação para as consequências e a redução de danos diante das tragédias.

Publicidade

"Mitigação é quando você ataca o problema: é quando você interrompe o desmatamento, quando você tira uma termoelétrica de operação, quando substitui uma fonte poluente por uma fonte renovável", afirma o especialista.

"A adaptação é quando o problema vai acontecer e você começa a adaptar principalmente as populações mais vulneráveis ao problema. Por exemplo, quando tira as populações da área de risco, quando dá mais assistência para um pequeno agricultor lidar com uma seca."

As ações também são necessárias contra problemas que não necessariamente são causados pelo aquecimento global, embora agravados por ele, explica Astrini.

"Adaptação é também quando você reforça a rede de saúde, porque vão aumentar os casos de dengue, porque o ciclo de reprodução do mosquito vai ficar mais longo por causa de chuvas desproporcionais e do calor prolongado."

Publicidade

Já lidar com as perdas e reduzir os danos é promover as respostas emergenciais às tragédias.

"Perdas e danos é o que se faz normalmente: desbarrancou, você vai procurar sobreviventes, vai construir casas", diz Astrini. O problema, na visão do especialista, é que as ações tomadas por autoridades federais, estaduais e municípais tendem a se concentrar apenas nesse terceiro estágio de resposta.

"O pessoal só age quando já está no nível da desgraça", diz Astrini.

"O dinheiro investido na primeira camada vale muito mais, porque ele evita a adaptação e evita o desastre."

Ações que estão sendo tomadas tanto pelo governo federal quanto pelo governo estadual e pelos municípios no caso das chuvas no Rio Grande do Sul — alertas da Defesa Civil, evacuação de pessoas de áreas de emergência, restabelecimento de serviços etc — se encaixam no terceiro tipo.

Após a região ser atingida por um cicloneanálise fifa bet365 grátissetembro do ano passado, o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional repassou R$ 82 milhões para o governo do Estado e outros R$ 243 milhões aos municípios gaúchos para lidar com a crise. Segundo reportagem da CNN Brasil, a maior parte do dinheiro foi usadaanálise fifa bet365 grátisações emergenciais, como compra de mantimentos e desobstrução de estradas.

Publicidade

"A gente pode ter a Defesa Civil 30 vezes maior no Rio Grande do Sul ouanálise fifa bet365 grátisqualquer outro Estado. Vai continuar morrendo gente, porque a Defesa Civil vai conseguir salvar a vida de alguém próximo, mas não de todos. Quem salva mais vidas é o planejamento, e no caso dos municípios, o planejamento urbano", afirma o líder do Observatório do Clima.

Embora o aquecimento global seja um problemaanálise fifa bet365 grátisescala mundial, ações de mitigação não são responsabilidade apenas de entidades internacionais e governos nacionais. Elas podem — e precisam — ser alvo também dos governos locais, diz Astrini.

"A mitigação é uma agenda de responsabilidade, não de ganho político. Vou pegar um exemplo aqui no Cerrado, que bateu o recorde de desmatamento nesse último período: mais de 60% de aumento de agosto do ano passado para cá. E quem dá as autorizações de desmatamento são os governos estaduais", diz ele.

"E há vários outros exemplos, como legislações de licenciamento ambiental mais frouxas nos Estados, a responsabilidade com o saneamento básico, com a transição energética."

Publicidade

O governo do Rio Grande do Sul não respondeu ao pedido de informações sobre ações de mitigação e adaptação da BBC News Brasil. O governador Eduardo Leite (PSDB) tem dado atualizações diárias sobre as medidas emergenciais tomadas no Estado, que incluem alertas e remoção das pessoas das áreas de risco.

Chuvas foram as piores já registradas no Estado
Foto: Reuters / BBC News Brasil

'Deputados e senadores também são responsáveis'

Astrini diz ainda que é preciso lembrar da responsabilidade do Congressoanálise fifa bet365 grátisrelação à situação climática que leva à tragédias como a sofrida pelo RS neste momento.

"Deputados trabalham dia e noite para destruir a legislação ambiental do Brasil com afinco. Neste momento estão querendo acabar com a Lei de Licenciamento Ambiental, querem acabar com a reserva legal na Amazônia, querem acabar com as reservas indígenas", diz Astrini.

Ele se refere a um um projeto de lei que flexibiliza o licenciamento ambiental, permitindo que Estados e Municípios determinem os projetos que precisam ou não fazer uma análise de impacto, entre outras medidas.

Publicidade

Os defensores do PL argumentam que ele "diminuirá a burocracia" e por isso facilitaria o desenvolvimento econômico.

Mas Astrini diz que o projeto não só não resolve o problema da burocracia como pode comprometer metas de desenvolvimento sustentável.

"A gente nunca teve um Congresso tão agressivo nesse esforço para desmontar a legislação ambiental no Brasil", afirma.

Deputados e senadores contrários a pautas importantes para ambientalistas argumentam que a legislação ambiental atrapalha o desenvolvimento econômico e,análise fifa bet365 grátisalguns casos, negam dados científicos sobre o aquecimento global ou sobre desmatamento no Brasil.

"Tem dois momentosanálise fifa bet365 grátisque o Congresso ajuda o Brasil na área ambiental: no recesso do meio do ano e no recesso do final", diz Astrini.

Para Astrini, o governo federal vem falhando na disputa com os deputados e senadores pelas pautas ambientais, embora tenha um bom projeto para a área.

Ele cita, por exemplo, o fato de a bancada governista ter sido liberada para votaranálise fifa bet365 grátisqualquer sentido (em vez de receber a orientação para votar contra) o marco temporal para as terras indígenas.

Publicidade

"A gente nunca teve um Ministério do Meio Ambiente com tanto apoio no governo. É a primeira vez que um presidente falaanálise fifa bet365 grátisdesmatamento zero e tolerância zero para desmatadores. Você tem um ministro da Economia que faz conversas sobre o meio ambiente, um Ministério dos Povos Indígenas... Mas mesmo assim as coisas não estão andando como deveriam", afirma.

Além na tragédia no Sul, há outras notícias negativas na área. O Norte registra número recorde de queimadas de janeiro a maio deste enquanto a greve de servidores dos dois principais órgãos de fiscalização ambiental do país —Ibama e ICMBio— já dura mais de 100 dias.

Para o especialista, não se trata apenas de uma questão de orçamento mais robusto para ministérios da área —que também é importante — mas da capacidade de integrar essa visãoanálise fifa bet365 grátistodos os setores.

"Quem causa o problema de emissões do Brasil? São os atores no setor do Ministério da Agricultura. E no Ministério das Minas e Energia. São esses ministérios que têm que ter programas e investimentos para diminuir as emissões de seus setores", afirma Astrini. "O Ministério do Ambiente pode multar uma área que já foi desmatada, mas para as ações de mitigação você precisa da ação de todos os agentes."

Publicidade

A BBC procurou o governo federal para falar sobre o assunto, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.

O governo, que apesar de não ter maioria no Congresso conseguiu aprovar agendas suas como o novo arcabouço fiscal, não tem "comprado a briga" nas pautas ambientais, opina Astrini.

No caso do marco temporal para as terras indígenas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva até tentou barrar a aprovação da lei que limita a demarcação, mas seu veto foi derrubado pelo Congresso.

A tese do marco temporal é de que apenas áreas ocupadas por indígenasanálise fifa bet365 grátisoutubro de 1988, momentoanálise fifa bet365 grátisque a Constituição Federal foi promulgada, poderiam ser demarcadas.

Movimentos indígenas questionam a tese porque havia terras que, naquele momento, não eram ocupadas porque seus habitantes originários haviam sido expulsos por invasores. Já os ruralistas alegam que não estabelecer um marco temporal criava insegurança jurídica.

Publicidade

Além de um direito dos povos originários, a demarcação de terras indígenas é considerada por ambientalistas e pesquisadores uma das principais formas de preservação da mata nativa brasileira — hoje as reservas impedem o desmatamento de diversas áreas cujo entorno foi devastado.

Astrini também critica o fato de pautas ambientais terem entrado no cabo de guerra entre o Supremo e o Legislativo, virando parte de uma disputa de poder mais do que uma discussão sobre políticas públicas.

O Senado e Câmara têm entradoanálise fifa bet365 grátisrota de colisão com o STFanálise fifa bet365 grátisdiversos temas,análise fifa bet365 grátisuma disputa sobre os limites de cada poder.

A questão do marco temporal, inclusive, só teve aanálise fifa bet365 grátisvotação acelerada como resposta da bancada ruralista a uma decisão do STF de 2023.

Na época, a Corte rejeitou a tese do marco, que era baseadaanálise fifa bet365 grátisuma situação jurídica ambígua. Logoanálise fifa bet365 grátisseguida o Congresso aprovou uma nova legislação determinando a existência de um marco temporal.

Publicidade

"Em algumas áreas, como essa do marco temporal, o Congresso tem usado a questão para atacar os indígenas e o Supremo."

Além das decisões recentes tomadas pela maioria conservadora do Congresso e de projetosanálise fifa bet365 grátistramitação, Astrini critica a postura pública de deputados e senadoresanálise fifa bet365 grátisrelação a temas ambientais.

"São os homens privilegiados, com espaço, que falam com seus eleitores e formam opinião pública. Eles não cansam de repetir que essa coisa de meio ambiente, de regra ambiental, é uma besteira", diz Astrini. "Mas aí as consequências chegam e a responsabilidade é de quem?"

Para o secretário-executico do OC, esses parlamentares "incentivam quem quer desrespeitar a leis ambientais e prejudicam quem quer fazer certo". "Então eles têm enorme responsabilidade por situações como essa (no Rio Grande do Sul) e têm que ser cobrados por isso."

6 impactos das mudanças climáticas sobre a vida dos trabalhadores 6 impactos das mudanças climáticas sobre a vida dos trabalhadores

BBC News Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização escrita da BBC News Brasil.

Fontes de referência

  1. jogos de bingo de cartela online grátis
  2. black jack ist
  3. ganhar dinheiro com futebol online

    1. TAGS
Curtiu? Fique por dentro das principais notícias através do nosso ZAP
Inscreva-se