grupo de casa de apostas-O mistério da síndrome de Alice no País das Maravilhas, que faz pessoas acharem que encolheram

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Um número surpreendente de pessoas apresenta sintomas dessa curiosa condição, que leva o nome da heroína de Lewis Carroll, que mudava de tamanho depois de comer e beber.
15 mar 2023 - 17h44
(atualizadogrupo de casa de apostas16/3/2023 às 06h41)
A quantidade de pessoas que sofrem os sintomas da curiosa síndrome de Alice no País das Maravilhas é surpreendente
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Foto: Getty Images / BBC News Brasil

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Josh Firth tinha nove anos de idade e estava no carro com seus pais, quando percebeu algo estranho acontecendo com os prédios ao seu redor. Eles pareciam estar ficando maiores.

Quando ele contou àgrupo de casa de apostasmãe, Sonja, ela ficou surpresa. Para ela, os prédios estavam como sempre foram.

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"Conforme o carro se movia, [na visão dele] os prédios dos dois lados começaram a crescer de repente e pareciam estar se aproximando dele", ela conta.

E não foi a única vez. Em outro dia, depois de voltar da escola, Josh - que é de Canberra, na Austrália - contou àgrupo de casa de apostasmãe que "os rostos dos professores ficaram maiores, desproporcionais ao corpo, e as paredes da sala de aula se alongaram e se afastaram dele".

Josh afirma que, certa vez, quando jogava xadrez na escola, ele observou "seus dedos ficando maiores e mais largos, até o pontogrupo de casa de apostasque ele não conseguia mais segurar as peças de xadrez".

Esses episódios estranhos eram mais assustadores à noite, quando "os cantos do seu quarto mudavam, as paredes se deformavam e se fechavamgrupo de casa de apostasdireção a ele", gerando uma sensação de terror noturno, segundo Sonja.

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Ela conta que, às vezes, seu filho dizia quegrupo de casa de apostasvoz parecia diferente. Ele sentia quegrupo de casa de apostasfala ficava "mais grave e lenta".

Levou cerca de dois anos para que a família descobrisse o que estava acontecendo. Josh sofre de um distúrbio raro, conhecido como síndrome de Alice no País das Maravilhas, também conhecida como síndrome de Todd.

A síndrome afeta a forma como as pessoas percebem o mundo àgrupo de casa de apostasvolta e pode distorcer agrupo de casa de apostasexperiência dentro do próprio corpo e o espaço que ele ocupa. Ela pode incluir distorções da visão e do tempo.

Imagine passar a vida observando os rostos das pessoas se transformandogrupo de casa de apostasdragões. Este sintoma é apenas um dos 40 tipos de distorções visuais características da síndrome.

Alguns pacientes descrevem ver diferentes partes do corpo sendo acrescentadas às pessoas àgrupo de casa de apostasfrente, como um braço mais curto fixado ao rosto da pessoa sentada à frente deles. Outros sintomas incluem ver pessoas ou objetos se movendogrupo de casa de apostascâmera lenta ou de forma rápida e não natural, ou ainda imóveis.

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A audição também pode ser prejudicada. As pessoas que sofrem da síndrome podem ouvir entes queridos falando lenta ou rapidamente, de forma estranha ou não natural.

E eles relatam ver objetos ou suas próprias partes do corpo encolhendo ou aumentando de tamanho, bem diante dos seus olhos. A sensação é que elas mesmas estão mudando de tamanho, que foi a experiência vivida por Josh.

Este último sintoma deu o nome ao distúrbio. Alice, a personagem do escritor Lewis Carroll, encolheu depois de beber uma poção e cresceu depois de comer bolo.

Carroll pode ter sido inspirado por suas próprias distorções de percepção, talvez causadas por enxaquecas com aura, que são distúrbios visuais temporários que ocorrem com frequênciagrupo de casa de apostaspessoas que sofrem de enxaqueca.

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Outros estudiosos especularam que o escritor pode ter sofrido da síndrome de Alice no País das Maravilhas, causada por epilepsia, abuso de substâncias ou até por uma infecção.

As causas ainda são um mistério

Mesmo depois de ser formalmente descrita pelos médicos como uma síndrome específicagrupo de casa de apostas1955 e ter alguns dos seus sintomas registrados até mesmo anteriormente, as causas exatas da síndrome permanecem obscuras até hoje. É um mistério que deixaria a própria Alice cada vez mais curiosa.

Os pesquisadores seguem tentando desvendar essa estranha condição. Eles esperam poder fornecer indicações vitais sobre a formagrupo de casa de apostasque o nosso cérebro interpreta o mundo à nossa volta.

Os sinais dos nossos sentidos reunidos, combinados com as nossas experiências de vida acumuladas, fazem com que cada um de nós perceba o mundo de forma diferente dos demais. Todos nós vivemos na nossa própria e única realidade.

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"A percepção não é um processo passivo de meramente ver, ouvir, sentir, provar ou cheirar", afirma Moheb Costandi, neurocientista e escritor de Londres que discute a síndrome de Alice no País das Maravilhas no seu livro Body Am I ("O corpo sou eu",grupo de casa de apostastradução livre).

"Trata-se de um processo ativo", explica ele. "O cérebro age mediante os estímulos sensoriais que recebe, com base nas nossas experiências e inclinações do passado. A forma como percebemos as coisas influencia como agimos - e a forma como agimos influencia o que percebemos."

Mas, às vezes, nossa percepção pode ficar desordenada, como ocorre quando as pessoas sofrem alucinações, ilusões ou distorções.

Com a percepção distorcida de nós mesmos e do mundogrupo de casa de apostasque vivemos, corremos o risco de perder nossa sensação de nós mesmos e sofrer despersonalização. Podemos até acabar experimentando o próprio mundo como sendo irreal,grupo de casa de apostasum processo conhecido como desrealização.

No passado, a síndrome de Alice no País das Maravilhas costumava ser considerada uma condição geralmente inofensiva, que não precisa de intervenção médica.

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Seus sintomas são encontrados,grupo de casa de apostasalgum grau, na populaçãogrupo de casa de apostasgeral e até 30% dos adolescentes relatam experiências suaves ou transitórias da síndrome. Sabe-se também que certos medicamentos para tosse e substâncias alucinógenas ilícitas ativam essa condição.

Mas, às vezes, as mudanças de percepção do mundo são causadas por alguma razão subjacente. Já se sugeriu uma ampla variedade de causas da síndrome de Alice no País das Maravilhasgrupo de casa de apostasadultos e crianças, incluindo derrames, tumores cerebrais, aneurismas, infecções virais, epilepsia, enxaqueca, doenças dos olhos e distúrbios psiquiátricos, como depressão e esquizofrenia.

A síndrome já foi associada a infecções como doença de Lyme, influenza H1N1 e vírus Coxsackie B1. Um estudo chegou a identificá-la como manifestação da doença de Creutzfeldt-Jakob, um distúrbio neurodegenerativo de rápido desenvolvimento e, muitas vezes, fatal.

O professor de psicopatologia clínica Jan Dirk Blom, da Universidade de Leiden, na Holanda, é um dos poucos pesquisadores que se dedicaram ao estudo da síndrome de Alice no País das Maravilhas. Ele enfatiza que os médicos precisam levar a sério os pacientes que descrevem esses sintomas.

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Blom afirma que o diagnóstico e o reconhecimento da síndrome progrediram pouco nas últimas décadas. Por isso, muitas vezes, o diagnóstico dos pacientes pode levar anos. "É um verdadeiro desafio", segundo ele.

Gillian Harris, de Pulborough, no Reino Unido, foi diagnosticada apenas seis anos atrás, com 48 anos de idade, depois de sofrer com a síndrome de Alice no País das Maravilhas desde jovem.

"Quando criança, às vezes, eu me sentia como se as coisas estivessem mais distantes de mim", ela conta. "E, quando adolescente, também percebia que meus membros estavam enormes e meus braços absolutamente imensos."

Com cerca de 16 anos, Harris foi diagnosticada com epilepsia e recebeu tratamento para a doença.

Os sintomas da síndrome de Alice no País das Maravilhas são surpreendentemente comuns na populaçãogrupo de casa de apostasgeral
Foto: Alamy / BBC News Brasil

Mas as pesquisas já existentes, por menores que sejam, estão começando a fornecer algumas indicações sobre os motivos que fazem com que a síndrome afete alguns pacientes e não outros.

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"A genética talvez ajude a criar a suscetibilidade à síndrome de Alice no País das Maravilhasgrupo de casa de apostasalgumas pessoas, mas ainda é preciso ter confirmação empírica", segundo Blom.

Nas crianças, a encefalite causada principalmente pelo vírus Epstein-Barr é a causa mais comum da síndrome. Já entre os adultos, ela é mais frequentemente associada a enxaquecas.

Enxaqueca no estômago

Surpreendentemente, as distorções sensoriais da síndrome de Alice no País das Maravilhas podem também ocorrergrupo de casa de apostaspessoas que sofrem de enxaqueca abdominal, uma condição que apresenta os mesmos gatilhos e curas da enxaqueca mais conhecida, acrescidos de dores abdominais lancinantes que vêmgrupo de casa de apostasondas e duram de duas a 72 horas.

As pessoas com enxaqueca abdominal, muitas vezes, têm histórico pessoal ou familiar de dores de cabeça causadas por enxaqueca.

Estudos do cérebro

Exames de imagem do cérebro também vêm oferecendo algumas indicações. Eles sugerem que a síndrome pode ser causada por um distúrbiogrupo de casa de apostasuma região do cérebro chamada junção temporoparietal-occipital.

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Nela, as informações visuais e espaciais são combinadas com sinais oriundos do tato, da posição do corpo e de dores.

Alterações desse ponto de encontro importante das informações sensoriais, causadas por lesões, danos neurológicos ou inchaços, podem mudar a forma como o cérebro interpreta os sinais recebidos.

Blom afirma que ainda existe muito trabalho a ser feito para entender exatamente o que se passa no cérebro dos pacientes com a síndrome de Alice no País das Maravilhas.

Mas ele acredita que a condição pode fornecer indicações vitais sobre a formagrupo de casa de apostasque o cérebro compila informações sobre o nosso mundo.

"Acho que a síndrome pode nos ensinar como é sofisticado, complexo e equilibrado todo o processo de percepção, ao qual normalmente não damos importância", afirma Blom.

"Às vezes, a percepção dificilmente é prejudicada quando partes razoavelmente grandes do cérebro são comprometidas ou até inexistentes (como ocorre na prosopometamorfopsia causada por feridas a bala, que tende a desaparecergrupo de casa de apostassemanas)", prossegue o professor.

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"Em outros casos, o mau funcionamento de pequenos conjuntos de células nervosas [na síndrome] pode causar alterações grandes e duradouras da nossa percepção."

"Esta síndrome nos ensina que toda a rede de percepção (visual) tem partes enormes que podem ser contornadas ou compensadas por outras, enquanto algumas parecem ser absolutamente fundamentais, se quisermos poder perceber adequadamente aspectos muito básicos, como rostos, linhas, cores e movimentos", explica Blom.

Mas realizar estudos cerebrais para chegar à raiz do que acontecegrupo de casa de apostaspacientes com a síndrome de Alice no País das Maravilhas não é fácil.

"Acho que o grande obstáculo é a raridade da síndrome e o fato de que os sintomas são passageiros", segundo Costandi. "Por isso, é difícil examinar o cérebro do paciente quando ele está experimentando os sintomas."

Enquanto,grupo de casa de apostasalguns casos, as distorções sensoriais decorrentes da síndrome podem ser suavemente desorientadoras, elas também podem ser apavorantes e até representar risco a outros pacientes.

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Como descreve Harris, agora com 54 anos, "quando os sintomas aconteciam muitas vezes, eu não queria ir a uma estação de trem sozinha, se acontecesse na plataforma, ou pegar um ônibus sozinha, se acontecesse; você perdegrupo de casa de apostasindependência. Ela afeta tudo".

As pesquisas indicam que, emgrupo de casa de apostasmaioria, os casos da síndrome de Alice no País das Maravilhas costumam se resolver ao longo do tempo. Mas, às vezes, os sintomas podem ser recorrentes, dependendo da causa subjacente.

Gillian Harris toma a dose mais alta de dois medicamentos antiepilépticos. Ela não sofre de convulsões, nem da síndrome, há dois anos. Mas Josh ainda sofre sintomas da "Alice", como ele chama, mas desenvolveu mecanismos para lidar com ela.

"Olhar pela janela ou ver-se no espelho realmente ajuda", segundo Sonja.

"Quando tudo está acontecendo, ele olha para as suas características faciais e isso ajuda a reduzir seu episódio de Alice."

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Josh agora carrega com ele um espelho de bolso quando está fora de casa, para o caso de precisar "verificar a realidade".

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Future.

- Este texto foi publicadogrupo de casa de apostas

https://www.bbc.com/portuguese/articles/cd1m09g62d2o

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Fontes de referência

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