Argate, que é avó e tem 64 anos, divideaposta gratis final libertadorescasa com outras nove pessoas e uma sári-sári (uma pequena loja de conveniências) na cidade de Taguig, nas Filipinas.
Ela relutouaposta gratis final libertadoresir a um centro de saúde para confirmar o que já suspeitava.
Argate só concordouaposta gratis final libertadoresfazer o exame quase um mês depois. E, após receber o diagnóstico de câncer de mama, ela não compareceu à consulta pré-cirurgia.
"Eu realmente não quis o tratamento porque estava com medo", explica ela.
Sua prima já havia morrido de câncer, mesmo depois da intervenção cirúrgica.
A vizinha de Argate também havia tido câncer e a indicou para um "navegador de pacientes".
Os navegadores de pacientes são assistentes sociais ou de saúde que orientam os pacientes ao longo das diversas etapas de tratamento de saúde. Eles podem indicar os pacientes para que recebam apoio financeiro e de transporte.
Em Taguig, existe um programa de navegadores de pacientes para pessoas com câncer de mama. É uma parceria entre as autoridades de saúde e a Fundação iCanServe, especializada nesse tipo de câncer.
A doença de Argate passou por diversos estágios. Mas, depois da cirurgia, quimioterapia e medicação, o câncer agora estáaposta gratis final libertadoresremissão.
Essas mudanças físicas foram acompanhadas por alterações na forma de Argate pensar sobre a doença.
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Inicialmente, ela se sentia sem esperança, como ocorre com muitas pessoas,aposta gratis final libertadorestodo o mundo.
Psicólogos, profissionais de saúde e outros especialistas vêm estudando este fenômeno, conhecido como fatalismo, para compreender por que ele é tão frequente.
Eles pretendem ajudar as pessoas a agir com mais rapidez no combate à doença. E a esperança é que, um dia, estas pesquisas possam salvar vidas.
O fatalismo é complexo
É difícil definir o fatalismo. Ele é geralmente considerado uma crença de que é impossível alterar certas situações, que são determinadas por forças externas.
Para o professor de psicologia Oscar Esparza-Del Villar, da Universidade Autônoma de Ciudad Juárez, no México, o que algumas pessoas chamam de fatalismo é diferente de outros fatores relacionados, como a impotência e a crença no controle divino.
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Pesquisadores concluíram que, dentre o fatalismo e estes fatores relacionados, a impotência é o que mais influencia o comportamento das pessoasaposta gratis final libertadoresrelação à saúde.
O fatalismo pode ter expressões muito diferentesaposta gratis final libertadoresdiversas culturas, mas está presenteaposta gratis final libertadorestodo o mundo,aposta gratis final libertadoresníveis variáveis.
Esparza-Del Villar é um dos autores de um estudo sobre o fatalismo realizadoaposta gratis final libertadoresseis países. E, "para nossa surpresa, a população alemã era o grupo com nível mais alto de fatalismo", afirma o professor - acima de Gana, Quênia, México, Nigéria e Suíça.
A conclusão contraria certas percepções de que o fatalismo seria mais comumaposta gratis final libertadorespaíses de média e baixa renda.
O estudo sugere que as avaliações psicológicas do fatalismo precisam ser ajustadas às diferentes culturas. Esparza-Del Villar e seus colegas criaram então a primeira escala de fatalismo, desenvolvida simultaneamenteaposta gratis final libertadoresespanhol e inglês.
Por mais surpreendente que possa parecer, o fatalismo pode trazer benefícios.
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Em uma pesquisa com migrantes perto da fronteira entre o México e os Estados Unidos, "as pessoas com maior grau de fatalismo relataram níveis menores de depressão e ansiedade", explica Esparza-Del Villar. "Era como um fator de proteção para eles."
De fato, o fatalismo pode fornecer uma sensação de bem-estar frente às dificuldades. Mas existe uma relação entre o fatalismo e comportamentos potencialmente perigosos, principalmenteaposta gratis final libertadoresrelação ao câncer.
Na Irlanda, por exemplo, o fatalismo foi relacionado a índices mais baixos de exames de câncer colorretal. Em Gana, algumas pessoas afirmam que o destino não pode ser alterado, quando se recusam a passar pelo tratamento de câncer de mama. E, nos Estados Unidos, as crianças usam menos filtro solar quando seus pais são fatalistas e têm histórico familiar de melanoma.
Nas Filipinas, "os comportamentos fatalistasaposta gratis final libertadoresrelação à saúde são comuns", segundo a clínica geral Janine Pajimna, do Centro Médico St. Luke, na cidade de Quezon, nas Filipinas.
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Pajimna e seus colegas indicaram recentemente que o fatalismoaposta gratis final libertadoresrelação ao câncer colabora para os índices extremamente baixos de exames de câncer do colo do útero nas Filipinas - mesmo que o diagnóstico seja realizado com um exame visual, com custo relativamente baixo.
Uma expressão significativaaposta gratis final libertadoresidioma filipino é kung oras mo na, oras mo na. Pajimna traduz a frase como "quando realmente chega aaposta gratis final libertadoreshora, o seu tempo acabou". Ela acredita que este sentimento pode ser prejudicial.
"Esta frase é muito falha e existem pacientes filipinos que nem mesmo se consultam, nem buscam tratamentos salvadores que poderiam prolongar e/ou melhoraraposta gratis final libertadoresqualidade de vida", explica ela. "É como se eles simplesmente aceitassem seu destino sem fazer nada, porque estas eram as cartas que eles tinham nas mãos."
Fatalismo é muito comum
O fatalismoaposta gratis final libertadoresrelação ao câncer tem duas dimensões, segundo a pesquisadora Laura Marlow, da Unidade de Ciência Comportamental do Câncer do King's College de Londres.
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Uma delas é a inevitabilidade - a ideia de que forças externas causam o câncer e evitá-lo é impossível. A outra é a incurabilidade: a crença de que, se alguém tem câncer, irá morrer por causa da doença.
Em relação à inevitabilidade, uma expressão de fatalismo frequentemente encontrada de forma implícita no noticiário pelo professor de oncologia comportamental Samuel Smith, da Universidade de Leeds, no Reino Unido, é a ideia de que quase tudo causa câncer. E a impressão que se tem é que é quase impossível combater as causas.
Mas, segundo Smith, "a mensagem sobre o câncer tem sido relativamente estável há muitos anos, quanto aos fatores ambientais determinantes: não fume, reduza seu consumo de álcool (eliminá-lo é o melhor), mantenha um peso saudável, alimentação saudável e pratique exercícios físicos".
A inevitabilidade é um aspecto do fatalismoaposta gratis final libertadoresrelação ao câncer, mas "o aspecto daaposta gratis final libertadoresincurabilidade é o que realmente queremos eliminar", segundo Marlow. Afinal,aposta gratis final libertadoresmuitos casos, isso não é mais verdade.
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Ainda assim, para muitas pessoas, "a palavra câncer significa a morte", segundo a ex-enfermeira oncológica Malgorzata Polnik, que hoje é psicoterapeuta.
Polnik moraaposta gratis final libertadoresDevon, no Reino Unido, e continua recebendo muitos clientes que lutam contra o câncer. Naaposta gratis final libertadoresexperiência, muitos pacientes se "desligam" das consultas médicas assim que ouvem o nome da doença.
Para eles, pode ser difícil ouvir qualquer outra coisa - como o fato de que alguns tipos de câncer são essencialmente doenças crônicas, que podem ser bem administradas se forem detectadas precocemente.
"Observo que, para os pacientes que a ouvem, essa palavra poderosa gera todo um processo de reflexão", explica Polnik, "e talvez eles não estejam prontos para falar sobre todos os tratamentos naquele mesmo instante."
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É claro que os pacientes enfrentam muitas barreiras práticas e estruturais até conseguirem o diagnóstico ou tratamento do câncer. Mas, dependendo da pessoa, as reações emocionais e cognitivas a essa ameaça à saúde também podem ser muito significativas, segundo Smith.
Elas incluem a preocupação, o medo e o fatalismo.
"Todos nós temos essas crenças, até certo ponto", afirma ele.
Em 2015, Smith foi um dos autores de um estudo realizado nos Estados Unidos, que concluiu que 66% dos participantes acreditavam que tudo causa câncer, enquanto 58% associavam automaticamente o câncer à morte.
Esta situação persiste, mesmo com o aumento dos índices de sobrevivência ao longo do tempo, especialmenteaposta gratis final libertadorespaíses ricos, como os Estados Unidos.
Marlow acredita que "coisas como o fatalismo realmente são prejudiciais para aquela parte inicial do processo", quando as pessoas evitam pensaraposta gratis final libertadorestomar ações como fazer exames de diagnóstico de câncer.
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"Elas não superam necessariamente todos os outros pontos que precisamos implementar para permitir que as pessoas tomem essas ações", segundo ele. Mas todos esses aspectos precisam ser abordados, se quisermos melhorar os resultados do tratamento.
Além do fatalismo
Quando Malgorzata Polnik trabalha com pacientes que acreditam que irão morrer de câncer, ela se concentraaposta gratis final libertadoresfazer perguntas,aposta gratis final libertadoresvez de emitir afirmações.
Ela pergunta, por exemplo, se seus pensamentos são saudáveis e se têm base factual.
"Mais cedo ou mais tarde, chegaremos à conclusão de que aquela crença não é baseadaaposta gratis final libertadoresfatos", explica ela.
Polnik pode perguntar se essas crenças ajudam seus pacientes a resolver seus conflitos ou se aumentam aaposta gratis final libertadoresansiedade. Este tipo de abordagem passo a passo ajuda a remover algum ponto que possa parecer assustador.
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As crenças são poderosas, mas nem sempre bem compreendidas. As crenças religiosas, por exemplo, não são a principal razão que leva as pessoas fatalistas a evitar certas medidas de saúde, como normalmente se acredita.
Na verdade,aposta gratis final libertadoresalguns casos, o comparecimento a serviços religiosos é associado ao maior índice de realização de exames de diagnóstico de câncer.
Janine Pajimna afirma que o equilíbrio é importante. Algumas pessoas sentem que a fé é benéfica paraaposta gratis final libertadoressaúde mental, segundo ela, mas algumas pessoas a levam a extremos e acreditam que as evidências científicas são inválidas.
"Este comportamento serve de obstáculo para a busca vital de tratamento de saúde, como realizar exames de câncer regularmente e receber vacinas que salvam vidas", explica Pajimna.
Mais que a religião, o fator que explica significativamente o fatalismoaposta gratis final libertadoresrelação ao câncer é a educação.
É claro que a educação e o conhecimento de assuntos de saúde podem estar relacionados a outros fatores, como o gênero, renda, idioma, situação de migração e etnia. Mas pesquisas indicam que esses fatores sozinhos não são suficientes para compreender por que o fatalismoaposta gratis final libertadoresrelação ao câncer é tão comumaposta gratis final libertadorescertos grupos.
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Em locais onde a assistência médica tem altos custos ou é inacessível, o fatalismoaposta gratis final libertadoresrelação ao câncer não é nada surpreendente, segundo Samuel Smith.
Nessas situações, o câncer realmente pode trazer taxas de mortalidade mais altas porque, muitas vezes, é diagnosticado com atraso ou existem poucos tratamentos disponíveis.
Sem educação, seria fácil assumir uma visão fatalista. Mas, na realidade, as pessoas podem melhorar suas possibilidades de sobrevivência com ações simples, como realizar exames.
"É questão de tentar combater isso e tentar garantir que essas pessoas da comunidade compreendam que não é algo inevitável", explica Smith.
E é aqui que as histórias positivas são ainda mais necessárias.
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Smith comenta que o fatalismo deve ser combatido não sóaposta gratis final libertadoresnível individual, mas também comunitário - para promover a compreensão pública do câncer.
"Encontrar as pessoas onde elas moram,aposta gratis final libertadoresvez de esperar que elas venham até você, pode ser uma forma de combate", afirma ele.
A organização Bowel Cancer UK, por exemplo, promove eventos perto de lugares como supermercados, oferecendo às pessoas a oportunidade de andar dentro de intestinos infláveis gigantes e aprender mais sobre o câncer do intestino.
Para Laura Marlow, poder falar com profissionais de saúdeaposta gratis final libertadorestom de conversaaposta gratis final libertadoreseventos como estes é particularmente útil "quando as pessoas têm pouco conhecimento sobre saúde e acham difícil extrair o significado das comunicações de texto".
De forma geral, como o nível de educação é o fator mais importante do fatalismoaposta gratis final libertadoresrelação ao câncer, reduzir as disparidades educacionais pode ajudar a combater outras desigualdades que afetam a saúde.
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Isso inclui qualquer tipo de formação educacional, seja ou não relacionada diretamente com a saúde. E outra possibilidade é combater de frente as desigualdades de acesso à assistência médica.
É claro que reformar completamente o sistema educacional e de saúde é um objetivo ambicioso. Mas existem formas de combateraposta gratis final libertadoresescala menor as diferenças dos níveis educacionais, como o uso de ferramentas visuais e linguagem acessívelaposta gratis final libertadoresmateriais educacionais sobre o câncer.
Pode também ser útil para os pacientes compartilhar suas próprias histórias, como faz Leonora Argate. Ela conseguiu controlar seu medo, com o apoio da família e do seu navegador de pacientes, que telefona para ela e a visitaaposta gratis final libertadorescasa.
Todos esses fatores a ajudaram a enfrentar a realidade prática, financeira e emocional de viver com câncer.
Nas Filipinas, os pacientes que contam com navegadores têm menos probabilidade de abandonar o tratamento do câncer.
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Agora, Argate conta que, se outra pessoa com câncer disser a ela que não quer consultar um médico, ela responde:
"Não tenha medo de procurar tratamento. Existe alguém que nos ajuda."