Resumo
Realizado por ativistas sociais do morro Santa Marta, no Rio de Janeiro, projeto existe há 46 anos e levou mais de 11 mil crianças a pontos turísticos da “cidade maravilhosa”, 250 por ano. Muitos conheceram praias, piscinas, museus, teatro, planetário, entre outros, através da Colônia de Férias Eco.
dia do esportista de :Temos os melhores relatórios de previsão, você está convidado a participar
Quem passou pelo constrangimento de, na volta às aulas, ter que escrever a redação “minhas férias” sem ter viajado ou ido a pontos turísticos da cidade, compreende a importância do projeto que existe há 46 anos no morro Santa Marta, no Rio de Janeiro: a colônia de férias.
O projeto do Grupo Eco (de ecoar) surgiu no final dos anos 70 a partir da mobilização de jovens que passavam as férias no morro e, na volta às aulas, não tinham nenhuma novidade a relatar. “A gente não viajava, ficava na favela fazendo as mesmas coisas. Nossas férias não tinham sabor de novidade”, conta Itamar Silva, um dos idealizadores da colônia de férias.
“As pessoas que pensaram a colônia de fériasdia do esportista1980, pensavam no constrangimento de chegar na escola e fazer redação minha férias. Eu já menti, ficavadia do esportistacasa trancada” – Simone Lopes, coordenadora.
Com 68 anos, o líder comunitário diz que o projeto está alcançando a terceira geração de moradores. A cada começo de ano, 250 crianças, de 6 a 12 anos, embarcamdia do esportistaônibus e vão conhecer pontos turísticos do Rio de Janeiro. Para muitos, é a primeira vez no Cristo Redentor, na praia, na piscina.
“Sem saber, a gente estava valorizando o direito ao lazer, o direito à cidade”, lembra Itamar Silva sobre garantias que depois apareceriam, por exemplo, no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Neste ano, serão 13 dias de passeios consecutivos, até 17 de janeiro.
Atividades diárias começam cedo
As 250 crianças atendidas a cada ano são acompanhadas por 50 monitores, voluntários do Santa Marta. Quase todos passaram pela colônia de férias e fazem questão de retribuir. A ajuda é fundamental para realizar uma operação complexa: sair com seis ônibus lotados de crianças para passeios diários pelo Rio de Janeiro.
Durante a colônia de férias, eles se reúnem às 8 horas na maior área livre do Santa Marta, o campinho, no topo do morro. Então descem cantando, entram nos ônibus e vão a locais como Museu do Pontal, Sesc Tijuca e Nova Iguaçu. Tudo grátis, com lanche.
Publicidade
“Nos finais de ano eu começo a sonhar, pensardia do esportistacomo vai ser a colônia de férias, um sentimento de alegria, entusiasmo. Você quer fazer parte daquilo, ajudar, fazer a diferença” – Aruana Lopes, voluntária.
Uniformizados por faixa etária, as crianças são as “coloninhas” e os “coloninhos”. “O que mais me marcou foi um passeio de ônibus muito longe, numa fazenda com piscinas, parques de diversão. Geralmente, o que marca mais são os passeios com piscina”, diz Aruana Lopes, 19 anos.
Graduandadia do esportistaArtes Plásticas, ela auxilia no monitoramento de crianças e produz material audiovisual para as plataformas do projeto. “Fui sempre, até os 12 anos, quando não pode mais. Então, parti para a responsabilidade: com 13 anos comecei como ajudante e estou até hoje”.
Crianças descobrem o direito à cidade
Os custos e a logística da colônia de férias começam a ser organizadosdia do esportistasetembro. O corre é sempre o mesmo: batalhar patrocínios e doações. Cada ônibus custa R$ 1.300,00 por dia. Neste ano, são seis. É preciso garantir lanches para 300 pessoas, além de camisetas das crianças e dos monitores.
São três cores de uniformes, por faixa etária, para facilitar a identificação. “Existem muitos relatos de pessoas que foram pela primeira vezdia do esportistauma piscina através da colônia de férias, primeira vez no cinema, no teatro. É maravilhoso, as crianças ficam encantadas”, conta Simone Lopes, coordenadora.
Publicidade
“O tempo inteiro estamos lutando contra a leitura social de crianças com marcas de pobreza, nossa cara é explícita, acham que são coitadinhos, órfãos, mas é só o direito de circular pela cidade. Isso ainda espanta” – Itamar Silva, do grupo ECO.
A colônia de férias atende o Santa Marta e outras comunidades, como Tabajara e Vidigal. “Muitas crianças nem sabiam que podiam ir a determinados lugares. Tem adultos que tiram férias quando a colônia acontece só para ajudar. Isso mexe muito com a gente”, conta a coordenadora.
Em uma conta rápida, multiplicando 250 crianças por 46 anos de projeto, são mais de 11 mil cidadãs e cidadãos que puderam ter acesso à “cidade maravilhosa”, que “o mundo inteiro conhece e eles corriam o risco de não conhecer”, diz Itamar Silva, um dos idealizadores da colônia de férias do Santa Marta.