Resumo
Segundo o Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são 508 moradores. Eles preferem chamar a quebrada pelo nome íntimo e abreviado de Batô. História do local tem cinco décadas.
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“Cinquenta e tantos anos que eu moro nesse pedacinho. Foi muito sacrifício, foi muito choro, foi muita luta, só Deus sabe. Mas consegui levantar minha casinha”, conta Idália Barbosa, 75 anos, a dona Aide, da comunidade do Batô, zona leste de São Paulo.
Quando dona Aide e o marido, Deraldo Santos, vieram da Bahia para São Paulo, fincaram o pé na região do Cangaíba, divisa com Guarulhos. Foram os primeiros moradores da Cidade de Deus, assim como a comunidade do Rio de Janeiro, famosa pelo filme do mesmo nome.
O naufrágio aconteceu duas décadas depois da chegada de dona Aide, do marido e duas filhas pequenas. A família aumentaria na década de 1970: veio o cunhado, Edson Sales, o Mané da Pedra; outros parentes chegaram. A comunidade se estabeleceu. “A gente batia barro, era casa de taipa. De noite, os moleques derrubavam. Quando amanhecia o dia, meu marido metia o peito de novo e levantava”.
Primeiras lideranças comunitárias foram mulheres
As mulheres tomaram a frente para resolver os problemas da comunidade. O nome das primeiras lideranças está na boca do povo, como a pioneira dona Nice, da família Santos, uma das maiores do Batô; além de dona Emília, Ana, Maria Isabel, Rejane Luna, a Dinha. Elas atuaram de 1985 até 1998.
Não se pode deixar de citar também dona Valcira, Dininha, Severina Maria,campeonato brasileiro de hojecaçula Maria Isabel. Essas guerreiras tomaram a frente das necessidade de canalização, asfalto, construção de casas, orelhão, iluminação, cestas básicas e o primeiro telefone.
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Organizado por Isabel Sales, a primeira e única linha telefônica tocava emcampeonato brasileiro de hojecasa, que tinha extensõescampeonato brasileiro de hojeoutras residências. Quando não tinha, chama o moleque mais próximo e manda avisar a pessoa. Tinha gente esperando na linha.
A herança dessas mulheres passou para os descentes, como o sobrinho de dona Aide, Leandro Sales – o apelido é Leandro TKS por conta de um grupo de pagode que integrou. O pai de Leandro, seu Zé Mario, tinha que refazer a ponte da quebrada umas três vezes por ano.
“Toda vez que chovia, para gente ir para escola, para minha mãe ir na feira, meu pai trabalhar, tinha que passar por ela. Dia de chuva era complicado”, conta Leandro, que no final de 2024 está às voltas com problema parecido, o buraco que abriu na rua, prejudicando a canalização de esgoto, água e o escoamento da chuva.
O evento, com distribuição de cesta básica, é somente um dos vários que realizam. Vira e mexe, a reportagem recebe mensagem avisando de festa de Páscoa, Dia das Crianças, fechamento da rua com brinquedos infláveis, distribuição de presentes, shows.
O Batô – o nome preferido pelos moradores – tem duas entradas, nas ruas Manoel Mendes Ribeiro e Jerônimo Cabral. Um dos pontos onde a comunidade se reúne e se organiza é a adega Império Dantas. Ali fazem reuniões, guardam atas, recebem pessoas e desenrolam problemas.
Segundo o Censo de 2022 do IBGE, a comunidade, que aparece na listagem oficial como Cidade de Deus, tem 508 moradores. “Pode colocar umas mil pessoas aí. Só na rua de cima, construiu um condomínio gigante”, diz Leandro TKS.
O que tem no Batô?
O time mais antigo é o Ponto de Encontro. Há mais dois no Batô, de futsal e de campo. Um grande problema ainda é o saneamento, mas a quebrada evoluiu muito. Tem duas unidades básicas de saúde próximas e o comércio fervilha.
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As mulheres investem muito na beleza feminina, há várias manicures. Os manos abrem barbearias e atendem nas casas, como Renan Ferreira. Tem a Adega do Alex, o Bar do Dudu (filho de dona Nice, umas das primeiras lideranças), e outros dois pontos de referência: os bares do Jurandir e o Ponto de Encontro.
As maiores famílias, que vieram da Bahia e construíram o Batô, são Sales, Santos e Dantas. Para o Ano Novo, a principal luta é pela regularização da ocupação. Os moradores sonham com documentos de propriedade, querem pagar IPTU, ter direitos e deveres.
Apesar das enchentes e de outras dificuldades, o que se sente conversando com moradores e andando pela comunidade é que o Batô vai continuar remando contra a maré, como nas últimas cinco décadas, para jamais naufragar.