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A última semana foi intensa para o ilustrador e quadrinista João Pinheiro, de 40 anos. Na quinta-feira (10), ele lançou oficialmente o livro “Depois que o Brasil Acabou”, o quinto da carreira. No dia seguinte, lançou uma campanha de financiamento para a próxima publicação, “Barrela”.
Morador da Cidade Líder, na zona leste de São Paulo, João convive com os desenhos e as históriasept pokerstarsquadrinhos desde a infância. Uma das principais marcas do trabalho do artista está na observação do cotidiano – de modo especial, o periférico, onde está inserido.
“Na Oficina Cultural Alfredo Volpi [curso que frequentou durante a adolescência] teve uma aula que seria na rua. A gente foi até a igreja de Itaquera, no centrinho da região. Foi a primeira vez que percebi que era possível desenhar de observação direta”, conta o quadrinista, que pegou gosto pela observação e passou a inseri-la no dia a dia.
“Desde então passei a carregar um caderno e a registrar [os desenhos]: no trampo, estudando, no ônibus ou Metrô, até no bar quando eu saía com meus amigos, ficava com o caderno lá, igual um doido. Tenho mais de 50 cadernos desde essa época de moleque até hoje”, lembra.
O livro Depois que o Brasil Acabou nasce dessas observações. Trata-se de uma coletânea de histórias que João produziu desde o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT),ept pokerstars2016, até a pandemia do novo coronavírus,ept pokerstars2020.
“Publiquei a maioria delas num fanzine [espécie de publicação não oficial feita por fãs] próprio, que é o Cavalo de Teta. A ideia era retratar esse momento político, toda a tragédia humanitária que o Brasil viveu, a destruição dos nossos direitos e de todas as conquistas que a gente vinha lutando”, explica.
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Já Barrela é uma adaptação para os quadrinhos de uma peça teatral feita pelo dramaturgo Plínio Marcos (1935-1999) na década de 1950. “É um livro que retrata muito da violência carcerária, que infelizmente continua atual”, comenta.
O financiamento, disponível na plataforma Catarse, foi lançado na última sexta-feira (12) e já conta com mais de R$ 5 mil arrecadados. A meta é chegar aos R$ 25 mil.
Periferia e quadrinhos
João Pinheiro foi vencedor do Troféu HQ Mix, o “Oscar dos Quadrinhos”,ept pokerstars2020, e finalista do Prêmio Jabuti, a mais importante premiação da literatura brasileira,ept pokerstars2017. Ambos pelo livro “Carolina”, uma biografiaept pokerstarsquadrinhos da escritora Carolina Maria de Jesus (1914-1977), autora dos livros Quarto de Despejo e Casa de Alvenaria.
“A primeira vez que ouvi falarept pokerstarsCarolina de Jesus foi no movimento hip hop. Na faculdade eu li vários autores estadunidenses, mas não a conhecia. Ela fez nos anos 1960 uma literatura que a gente está fazendo hoje, ela foi a percurssora”, diz.
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Já o primeiro contato com os gibis veio com apenas oito anos, quando João morava na Cohab I, na região do Artur Alvim, também na zona leste da capital, e conseguia ter acesso às revistas compradas pelo irmão e por colegas de prédio.
“Logo comecei a fazer minhas próprias histórias, pegava qualquer papel e caneta, e desenhava. Fazia histórias sobre o que fazia no meu prédio com a molecada, que era jogar bola, falar do Santos FC, dos ‘contra’ que a gente fazia com os outros prédios”, comenta.
“E zoar com os coleguinhas também, exagerarept pokerstarsalgumas características, fazer umas caricaturas”.
Para ele, a principal barreira que impede de surgirem mais quadrinistas periféricos é a questão econômica. Ele cita, como exemplo, os preços altos das históriasept pokerstarsquadrinhos atualmente, mesmo nas raras bancas de jornal que ainda existem nos bairros.
“O que achava interessante no quadrinho era a coisa de ser mais popular. Na minha época de moleque realmente era, tinha muito quadrinho na banca. No meu bairro não tem nem banca de jornal mais. Você tem que ir ao Metrô se quiser um gibi. Imagina se um menino de 15, 16 anos vai comprar um gibi de 40, 50 conto?”, questiona.
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Outro fator, segundo o autor, é a falta de tempo para se desenvolver como artista: “Como que um cara que trabalha, que fica 12, 16 horas fora de casa, vai se dedicar ao desenho?”.
“É uma coisa meio difícil, mas mesmo assim surgiram muitos artistas conhecidos nacionalmente, como o Marcelo D’Salete e o Jefferson Costa, que são caras da periferia, são daqui da zona leste”, destaca.
Os dois artistas são vencedores do Troféu HQ Mix e do Prêmio Jabuti. Marcelo D’Salete escreveu o livro “Angola Janga”, que retrata a luta de negros escravizados no Quilombo de Palmares, e Jefferson Costa foi responsável pelo desenho de Jeremias, o primeiro personagem negro da Turma da Mônica, para a graphic novel “Pele”.