autoroulette-Álcool gel do tráfico e cinema na laje: memórias da pandemia nas favelas
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Covid-19 matou mais nas periferias; além das mortes, houve inesquecíveis soluções criativas, solidárias e até ilegaisDurante a pandemia de Covid-19, favelas do Rio de Janeiro e São Paulo deram seus jeitos para garantir o mínimo de higiene, lazer, cultura e socorro às vítimas. De projeção de filmes na lateral do morro a contratação de ambulâncias, os corres entraram para a história das comunidades.
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Na pandemia de covid-19, todo mundo deu seu jeito. Nas favelas, onde a devastação foi maior, houve incontáveis iniciativas para distribuir comida, água, socorrer os doentes. Mas houve também atitudes solidárias que ficaram na história das comunidades.
O Morro Dois Irmãos, no Rio de Janeiro, foi transformadoautorouletteuma tela de 120 metros para projeção de filmes, permitindo que as pessoas assistissem de suas lajes, sem aglomeração. Em São Paulo, na zona leste, houve distribuição de livros de bicicleta.
Houve até soluções para manter funcionando os pontos de tráfico, com distribuição de álcool gel e cartaz com preços e tipos de drogas, para evitar diálogos contaminantes.
Leia algumas dessas histórias que, após cinco anos de pandemia, se tornam ainda mais incríveis, revelando a criatividade ilimitada do ser humano, que se disseminouautoroulettemomentos de tensão, tanto quanto o vírus.
Distribuição de álcool gel na biqueiraautorouletteManguinhos
Na favela do Arará,autorouletteManguinhos, zona norte do Rio de Janeiro, traficantes usavam luvas e máscara. Os clientes, proibidos de falar, apontavam para um cartaz com preços e tipos de drogas. Na mesa coberta com uma velha bandeira do Brasil, disponibilizavam álcool gel.
“Uma semana depois, viram que estava muito caro. Ficaram espreitando um caminhão de álcoolautoroulettegel e roubaram. Depois, com um megafone, pediam para não sair às ruas sem antes pegar um vidro de álcool gel. Eu recebi um”, conta moradora.
Foi a primeira vez que ela viu uma Alexa, que tocava hinos evangélicos, samba, pagode, forró, funk e muito Racionais MCs. “Além disso, ela dá informações sobre onde estavam ocorrendo operações policiais”, conta a mesma moradora, cria do Arará.
Empréstimo de livros de bicicleta no Jardim Lapenna
Na zona leste de São Paulo, o Galpão ZL mantinha um ponto de leitura, dos mais frequentados da capital, que fechou. “As pessoas queriam ler, vinham na minha casa, encontraram meu contato telefônico, me ligavam, mandavam mensagem de madrugada”, conta a idealizadora da Bike Literária, Malu Gomes.
Bike Literária? Foi assim:autorouletteuma noite, observando pessoas de bicicleta da sacada de casa, Malu pensou “poxa vida, se eu soubesse andar de bike, sairia distribuindo livros para todo mundo. A ideia surgiu daí”. Ela começou a fazer Cardápios Literários, com seleção de gêneros como mangás e livros espíritas, enviados pelo WhatsApp.
“Para minha surpresa, as pessoas começaram a fazer pedidos. Eu separava os livros, colocava num envelope e o entregador levava para a casa das pessoas de bicicleta. Em uma semana, foram duzentos livros. Literatura espírita foi muito pedido”. No final da pandemia, cinco mil obras tinham sido emprestadas.
Cinema projetado no morro da Rocinha
Na Rocinha, lideranças comunitárias transformaram o Morro Dois Irmãosautorouletteuma tela de cinema gigante, de 120 por 90 metros. Projetaram longas, curtas, filmes sobre Gonzagão, Luiz Melodia, produções relacionadas à favela. Mais de cem mil pessoas assistiam, moradores da comunidade e vizinhança.
“As pessoas viam de suas lajes, de suas janelas, sem aglomeração. Levamos o antigo drive, o antigo cinema a céu aberto, deem o nome que quiser, mas levamos para dentro da favela”, conta Mauricio Soca Fagundes, 63 anos, produtor cultural e cria da Rocinha.
“Empregamos bastante gente, gerou renda, ajudaram a Casa de Cultura, além de trazer entretenimento, uma arte bacana. Tínhamos feito antes, mas não gerou tanto impacto. Foi muito lindo isso”, diz Soca.
Paraisópolis se tornou referência no combate à covid-19
Devido à arquitetura e topografia irregulares, um problema crônico das favelas é a chegada do SAMU, que demora. “Se a gente era o último da fila, na pandemia a gente nem existiria”, diz Renata Alves, líder comunitária de Paraisópolis.
A associação de moradores correu atrás de parceiros, que financiaram três ambulâncias, cada uma com médico, enfermeiro e socorrista. Mas do que adianta ter a equipe de saúde, se ela desconhece o território?
“Eu me tornei literalmente um GPS, eles não conheciam as ruas e vielas. A gente conseguiu controlar a taxa de covid, virou referência. A gente fez onze mil atendimentos. A ambulância chegou a atender até moradores do Morumbi”, conta Renata.
Como realizar as férias das crianças da favela Santa Marta?
Há 46 anos, líderes comunitários da favela Santa Marta, no Rio de Janeiro, realizam a colônia de férias para crianças e jovens. Mas como juntar gente, lotar ônibus e realizar passeiosautorouletteplena pandemia?
O ano de 2021 “foi o de maior desespero, pois a colônia de férias precisava acontecerautorouletteprol da saúde mental das crianças”, lembra Simone Lopes, do Grupo Eco, que realiza a atividade. A solução foi fazer uma lista com 20 obras literárias e mobilizar doadores, que escreviam cartas às crianças. Elas receberam os livrosautoroulettecasa.
“Fizemos uma live com autores e crianças, foi uma experiência incrível. Escritores fizeram vídeos, e gente como Emicida o Daniel Muduruku participaram”, conta Simone Lopes.
No isolamento social, comemoram algo fundamental, “demasiadamente humano”, como diria o filósofo Nietzche: “a gente pode ver as crianças, e elas puderam nos ver”, lembra, emocionada, a ativista social.