site com aposta gratis-'Uma bomba': como denúncias de assédio sexual abriram crise no governo Lula
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Escândalo atinge pasta escolhida para ter visibilidade prioritária na pauta progressista e vira tema da oposição. Episódio pode alimentar racismo, diz analista.
Mariana Schreiber - Da BBC News Brasilsite com aposta gratisBrasília
6 set2024 - 23h08
(atualizadosite com aposta gratis7/9/2024 às 07h52)
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As denúncias de que o agora ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, teria assediado sexualmente mulheres, inclusive a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, abriram uma grave crisesite com aposta gratisum campo caro a governos petistas: o da proteção e fortalecimento das minorias.
Em nota oficial, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a demissão de Almeida na noite de sexta-feira, 6, reconhecendo que as denúncias são "graves" e quesite com aposta gratismanutenção no cargo era "insustentável".
Almeida negou as acusaçõessite com aposta gratisum vídeo divulgado na quinta-feira, 5, e se disse perseguido por um grupo, sem especificar quem.
Para analistas políticos e especialistassite com aposta gratisquestões raciais e de gênero ouvidos pela BBC News Brasil, o episódio dá combustível para os críticos das pautas identitárias atacarem o governo petista e evidencia como o machismo estrutural e institucional também está presentesite com aposta gratisgovernos de esquerda.
O impacto negativo para a gestão Lula é alimentado pelas suspeitas de que as denúncias de assédio contra Franco teriam circuladosite com aposta gratisseu alto escalão aindasite com aposta gratis2023.
O episódio gerou reação da senadora Damares Alves (Republicanos), ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos no governo Bolsonaro.
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"Se algum outro ministro sabia e não denunciou, também é conivente com assédio sexual. Inadmissível esse homem se manter na pasta", criticou,site com aposta gratisvídeo divulgado na quinta-feira (5/9), quando o caso veio à tona.
As acusações foram confirmadas naquele dia pela organização Me Too Brasil, após serem reveladas pelo portal Metrópoles.
Já na tarde desta sexta-feira, 6, a professora Isabel Rodrigues utilizousite com aposta gratisrede social para publicar um vídeosite com aposta gratisque narra ter sido vítima de Almeida,site com aposta gratis2019.
De acordo com ela, Almeida, que na época ainda não era ministro, teria colocado as mãossite com aposta gratissuas partes íntimas durante um almoço com outras pessoas.
Foi a primeira denúncia pública feita por alguém que mostrou nome e rosto contra o ministro.
"Eu acredito que foram muitas", disse Isabel sobre outras possíveis vítimas.
Para o cientista político Creomar de Souza, fundador da consultoria política Dharma, a rapidez com que Lula reagiu às denúncias após o caso se tornar público revela a gravidade da crise: "Uma bomba".
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Ele lembra que a separação do antigo ministério comandando pela Damares Alvessite com aposta gratisquatro pastas - Direitos Humanos, Igualdade Racial, Povos Indígenas e Mulheres - foi uma prioridade do governo.
"E a escolha do Silvio e da Anielle vem com um elemento muito simbólico, que grupos de esquerda costumam gostar muito. O Silvio por toda a intelectualidade, a questão do conceito do racismo estrutural, que passou a ser muito utilizado [após seu livro]. E a Anielle por toda essa simbologia da luta para encontrar os culpados daquele crime terrível que foi o assassinato da irmã dela [a vereadora Marielle Franco, mortasite com aposta gratis2018]", afirma Souza.
"E, de repente, a gente tem ela sendo vítima de assédio sexual pelo ministro que era a referência de direitos humanos. É uma crise que machuca [o governo], até porque ela [Anielle] ficou calada para preservar o governo. E ainda há os questionamentos se outros ministros sabiam e não agiram", acrescenta.
Na avaliação de Creomar de Souza, o episódio tem um impacto negativo para além do governo, podendo alimentar o racismo que já existe na sociedade brasileira.
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"Esse é um país racista. E,site com aposta gratisdeterminado sentido, para pessoas pretas, negras, é um desafio a ascensão social, a chegada no lugar de destaque. E essas pessoas [negras] sempre correm o risco de que o erro de um indivíduo [que chega a essa posição de destaque] seja considerado o erro de todas elas", analisa.
"Por exemplo, quando a primeira mulher presidente da história do Brasil [Dilma Rousseff] sofre impeachment, isso é um impacto no sonho de outras meninas que queiram ser presidente. É um impacto na forma como o cidadão enxerga mulheres disputando a Presidência. Então, a gente tem um impacto [agora para os negros] que eu não consigo mensurar", acrescentou.
Crise mostra que governos de esquerda não fogem ao machismo institucional, dizem professoras
Para a socióloga Mariana Selister Gomes, coordenadora do grupo de pesquisasite com aposta gratisGênero, Interseccionalidade e Direitos Humanos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), o episódio teve "um impacto negativo muito grande".
"Tanto para o governo, quanto para nós, ativistas e pesquisadores, que lutam por essas causas dos direitos humanos, dos direitos das mulheres, da luta de antirracista", aponta a pesquisadora.
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Por outro lado, ela vê o episódio como oportunidade para o governo intensificar a abordagem "interseccional" dessas pautas.
Esse conceito, nascido no movimento feminista negro, evidencia como questões como desigualdade social, racismo e o machismo estão interligados e se reforçam.
"Se não tiver uma perspectiva interseccional [dessas questões], é possível que um homem negro tenha uma grande luta contra o racismo e seja um machista. Assim como a gente tem casos de mulheres brancas feministas que são racistas", analisa.
Nasite com aposta gratisavaliação, uma possível demora na revelação dos supostos abusos dentro do governo refletiriam "o machismo institucional", que tende a descredibilizar vítimas e desencorajar as denúncias.
Ela lembra que muitas vezes as mulheres têm dificuldadesite com aposta gratisprovar o assédio, e as instituições não costumam ter instâncias preparadas para lidar com esse tipo de apuração.
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"Que bom que o movimento Me Too, da sociedade civil, teve esse papel de denúncia, que a mídia teve seu papel de denúncia. E que péssimo se alguns órgãos do governo já estavam sabendo e estavam abafando, porque isso refletiria a força desse machismo institucional, que pode estar presente até mesmo dentro de um governo de esquerda que se propõe a combater o próprio machismo", lamenta.
Para a cientista política Flávia Biroli, professora da Universidade de Brasília (UnB), o episódio joga luz sobre o machismo estrutural nos espaços de poder, que ainda são majoritariamente masculinos e favorecem situações de assédio.
"Se espera que um governo de esquerda, comprometido com os direitos humanos e com pautas de igualdade e de diversidade, seja uma exceção. O que histórias como essas revelam é que há algo que está mais embaixo. Há uma dimensão sistêmica estrutural de relações de poder, que historicamente foram configuradas como relaçõessite com aposta gratisque os homens exercem poder sobre as mulheres", afirma.
"Esse exercício de poder envolve a possibilidade de se avançar sobre o corpo de uma outra pessoa — nesse caso, das mulheres", continua.
Nasite com aposta gratisleitura, o que há de diferente na atualidade é a crescente presença de mulheres nos espaços de poder políticos e econômicos, o que favorece que as denúncias venham à tonasite com aposta gratisalgum momento.
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Para Biroli, seria difícil para o governo agir a partir de eventuais denúncias informais que tenham circulado antes.
Agora que denúncias foram formalizadas, a professora diz que o governo precisa agir a partir das evidências de assédio, que ganham força na medidasite com aposta gratisque há mais de uma denúncia.
"É muito difícil comprovar assédio. É raro termos vídeos, registros que comprovem. Então, tem sido muito relevante nesses casos quando há um acúmulo de denúncias", argumenta.
Se a atuação do governo antes de o caso se tornar público é alvo de controvérsia, as professoras consideram positiva a reação de Lula após a revelação do caso, com a rápida demissão de Almeida.
Lula também se manifestou de forma incisiva mais cedo.
Em entrevista à Rádio Difusora de Goiânia, onde ele estava na manhã de sexta-feira (6/7), o presidente destacou a prioridade desite com aposta gratisgestão no combate à violência contra mulheres e afirmou que "alguém que pratica assédio não vai ficar no governo".
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O presidente disse também que é preciso dar direito a quem tiver que se defender, admitindo a "presunção da inocência", e anunciou que colocaria a Polícia Federal, a Comissão de Ética da Presidência da República e o Ministério Público Federal para investigar o caso.
Na avaliação de Gomes, a foto postada pela primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, beijando a testa de Anielle Franco ainda na noite de quinta-feira, 5, também foi positiva ao passar uma mensagem de proteção para a ministra.
A imagem, porém, gerou críticas no movimento feminista negro, porsite com aposta gratisconotação maternal, de uma mulher branca (Janja) sobre uma mulher negra (Franco).
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