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Quando acordou na UTI do hospital, o urbanista Lincoln Paiva, de 54 anos, sentia os batimentos descompassados, mas não conseguia acreditar que dentro do peito estavam dois corações. Foi preciso um exame de imagem para entender. "Vi um coração batendo devagar e outro, forte. Como se um tocasse tambor e o outro, jazz. Ali tive certeza de que tinha dado tudo certo", conta ele, sobre uma cirurgia inédita que driblou a sentença de morte.
Os problemas cardíacos de Paiva deram o primeiro sinal no ano passado: um enfartecorinthians x america mg palpitescasa o levou para o hospital. Depois de um acidente vascular cerebral e duas paradas cardíacas, recebeu a notícia de que 70% de seu coração estava "morto" e entrou na fila do transplante. Foi então que teve um novo revés: nem mesmo um coração novo resolveria o caso, já que a pressão alta no pulmão impedia o sucesso da cirurgia. "Eu era uma bomba-relógio."
PublicidadePara reduzir a pressão pulmonar, Paiva poderia usar uma espécie de coração mecânico por alguns meses até que fosse possível o transplante, mas ele sabia que conseguir essa máquina era caro e demorado - a bomba artificial não está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) nem é coberta pelos planos. Enquanto isso, os dias corriam e a previsão era viver poucos meses.
Internado no Instituto do Coração (Incor), do Hospital das Clínicas da USP, ele soube que um médico estudava um procedimento nunca antes tentado. A técnica consistiacorinthians x america mg palpitesimplantar um novo coração, de um doador - mas sem tirar o antigo do peito. Paiva viveria por algumas semanas com dois corações para que a pressão pulmonar caísse e fosse possível, então, deixar só um. Foi o que aconteceu.
Enquanto coexistiam no tórax, os corações desempenhavam funções diferentes. "O lado direito ficou conectado, por dentro, nas veias que puxam o sangue do cérebro, cabeça e dos dois braços. O sangue que vem do intestino, fígado e pernas caía direto no antigo, não passava pelo novo. É como um quebra-cabeça. Desmontei e montei de novo, do jeito que imaginei", diz Fábio Gaiotto, cirurgião cardiovascular do Incor que criou a técnica.
Esse arranjo novo tem o efeito da bomba artificial: ajuda a reduzir a pressão pulmonar. Colocar dois corações para funcionar ao mesmo tempo não é novidade. Na década de 1970, esse tipo de cirurgia foi realizada, mas a forma de inserir o novo coração era diferente e os pacientes não sobreviviam por muito tempo.
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