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“Tenho medo de envelhecer. Acho que perdi muito tempo da minha vida”, diz Bruna Moreira, 47, moradora do Tucuruvi, na zona norte de São Paulo. A fala pode parecer estranha, afinal, ela não perdeu tempo, mas sim, acumulou conquistas: é pedagoga, professora, carnavalesca e liderança do distrito onde fez morada.
Mas faz sentido quando ela conta quanto tempo foi necessário para que ela pudesse ser aceita por ser uma mulher trans. “Antes eu não podia ser quem eu era, sinto que sou outra pessoa de 15 anos para cá”, comenta.
“Agora sim sou feliz e quero deixar para o mundo [a mensagem de] que todos podem ser felizes sendo quem são, sem medo.”
Nascidafederal esporte apostaCaratinga, no interior de Minas Gerais, Bruna foi criada pelos avós. De família simples, da roça e sem muitas condições, foi a TV que a motivou a irfederal esporte apostabusca dos sonhosfederal esporte apostaoutro lugar e desembarcar sozinha no centro de São Paulo aos 18 anos.
Como nas novelas que assistia, ela se encantou com a “selva de pedra” e passou a conhecer algumas regiões da cidade.
Depois de muitos lugares percorridos, principalmente na região central, foi na zona norte, mais especificamente no Tucuruvi, que ela começou a trilhar a própria história a partir de 1994. “O Tucuruvi era diferente, era um bairro que lembrava mais o interior”, relembra.
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Ao chegar lá, Bruna se sentiufederal esporte apostacasa. De um lugar mais calmo, viu a região se transformarfederal esporte apostaum grande centro comercial e empresarial, além de bairro residencial procurado por pessoas que buscam estar mais perto da Serra da Cantareira.
“Vi o Metrô chegarfederal esporte aposta1998, vi a construção do mercado que antes era um vão, vi o ônibus elétrico que saía da avenida Guapira e ia até a Cidade Universitária”, comenta.
Transição
Desde pequena, Bruna não se identificava com o gênero atribuído a ela no nascimento. Na adolescência passou a se questionar sobrefederal esporte apostaexistência e o corpo com características físicas masculinas.
Logo no começo dos anos 2000 começou o processo de transição. Com a ajuda de advogados, médicos, psicólogos e outros profissionais,federal esporte apostameados de 2010 conseguiu a alteração do nome social e realizou todos os demais procedimentos necessários para, enfim, ser Bruna Moreira, a Bruna Babalu do Tucuruvi.
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Logo ao chegar pela zona norte, ela trabalhoufederal esporte apostauma grande rede de fast food no shopping Center Norte, onde começou como atendente. Ali passou a ser “canarinho” (anfitrião de loja), até se destacar e chegar à área de marketingfederal esporte apostaum cargo de gerência, o que a ajudou a trilhar os próximos passos.
Há 15 anos trabalha como cabeleireira no Cris Gaspar Fashion Hair, famoso salão do distrito na esquina da avenida Mazzei com a rua Salvador Bicudo. Além disso, atuafederal esporte apostacausas sociais relacionadas a pessoasfederal esporte apostasituação de rua e é voluntáriafederal esporte apostaprojetos da igreja Santa Joana D’arc, na qual é devota e frequentadora assídua.
“Deus me deu mais do que eu achava que ia conseguir, e por isso me sinto responsávelfederal esporte apostadevolver um pouco para quem precisa de ajuda. Levar uma palavra, um apoio, um carinho ou um prato de comida”, afirma.
Hoje, além do salão e dos trabalhos sociais, Bruna também é professora de históriafederal esporte apostauma escola pública no Jardim Pery, bairro da zona norte. Receosafederal esporte apostacomo seria a recepção sendo uma professora trans, ela ficou surpresa por ter sido tão bem acolhida pelos adolescentes, pelas famílias e, principalmente, pela comunidade escolar.
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No Tucuruvi, a pedagoga também está desenvolvendo um projeto socioambiental junto a Subprefeitura da região e luta juntamente a outros moradores por melhorias, principalmente no quesito segurança pública.
Apaixonada pelo carnaval, integrou diversas escolas de samba da zona norte, como a Acadêmicos do Tucuruvi e a X9 Paulistana. Por anos, Babalu atraiu olhares, fãs e pessoas que enxergam nela novas possibilidades e perspectivas.
Inclusive foi nos anos 1990, na X9 Paulistana, que o apelido Babalu ficou conhecido, uma referência à famosa personagem interpretada pela atriz Letícia Spiller na novela Quatro por Quatro, da Rede Globo.
“Converso com todo mundo, conheço todo mundo do bairro, desde o Seu Jamil, presidente da Tucuruvi, até o Zé da Padaria, o Aldo do Cartório, que também é responsável pelo Bloco Viracopos, bloco de carnaval tradicional daqui”, ressalta.
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Tendo se afastado por um tempo das celebrações para se dedicar às outras atribuições que realiza, neste ano de 2022, Bruna voltou ao Sambódromo do Anhembi, agora como diretora de carnaval na escola do grupo de acesso, Nenê de Vila Matilde.
Mas foi nas ruas do Tucuruvi, a terra do gafanhoto verde, que a carnavalesca fez história e leva o nome do distrito para onde quer que vá. Como diz o samba “Povo Feliz”, hino da Acadêmicos do Tucuruvi: “Vou, peito aberto e sem medo, zona norte é aconchego, todo mundo diz. Sentindo o puro ar da Cantareira, lá no meu Tucuruvi, meu povo é feliz”.
Como muitas mulheres, ela tem inúmeros sonhos e vontades. Sonhafederal esporte apostase casar, viajar para as Ilhas Maldivas, escrever um livro contando sobre as aventuras amorosas e ser campeã no carnaval paulista. A lista é grande, mas uma coisa é certa: força, dedicação e, principalmente, amor não faltam. E, para Bruna, nem o céu é limite.