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Em 31 de março de 2005, um grupo de policiais militares, aparentemente descontentes com Paulo César Lopes, novo comandante do 15º Batalhão de Polícia Militar de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, que havia afastado cerca de 60 PMs por desvio de conduta, resolveu praticar uma espécie de vingança através do terror. Circulando de carro noite e madrugada adentro por municípios como Nova Iguaçu e Queimados, o grupo deixou um rastro de sangue infame, com 29 assassinatos — acontecia a chamada “Chacina da Baixada”, a maior chacina ocorrida na história recente do estado do Rio de Janeiro. As vítimas parecem ter sido escolhidas a esmo, e dos 11 policiais denunciados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, apenas cinco foram condenados, quatro deles por homicídio e um por formação de quadrilha.
Giulia Escuri, moradora de Nova Iguaçu, tinha 8 anos na época, e relata ter ouvido os tiros durante a noite, além da agonia de esperar o pai, que voltava do trabalho e estava na rua no momento dos assassinatos. Uma década e meia depois, Giulia voltaria às memórias da chacinacupom estrelabetseu livro Nossos Filhos Têm Mães (2022, Editora Telha), fruto decupom estrelabetdissertação de mestradocupom estrelabetCiências Sociais na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).cupom estrelabetque aborda a história da violência de Estado na Baixada Fluminense e especialmente os movimentos de mães que buscam justiça pelos filhos assassinados.
PublicidadeAssim como no caso dos Crimes de Maio de 2006cupom estrelabetSão Paulo, que acabaram originando as Mães de Maio e grupos assemelhados que vieram depois, a Chacina da Baixada estimulou a criação da Rede de Mães e Familiares Vítimas da Violência de Estado na Baixada Fluminense. Como outra rede, a Rede de Proteção e Resistência Contra o Genocídio, a organização fluminense também busca fornecer auxílio psicológico e jurídco para famílias que tenha sido atingidas por esse tipo de violência; promove a visitação de mães e familiares de vítimascupom estrelabetcomunidades periféricas da região; mobilização e articulação de atos públicos pelo direito à memória e justiça e a realização de debates e rodas de conversa.
Giulia explica que há uma certa tradição na violência na Baixada Fluminense, que começa com a atuação de grupos de extermínio na ditadura militar mas se estande para dentro do período de redemocratização. “Hoje você tem as milícias, mas não é necessariamente novo. Desde os anos 1990 você teve diversos prefeitos se elegendo na região a partir de campanhas onde se promoviam como ‘matadores’, que estavam lá para ‘limpar’ o município — e a gente sabe o que significa esse tipo de limpeza.”
Essa política se traduzcupom estrelabetnúmeros assustadores. De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 11 dos 13 municípios da Baixada Fluminense estão entre os 100 mais violentos do Brasil. “Segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP), dos cinco batalhões da PM que mais matam no estado do Rio de Janeiro, quatro estão na Baixada: Mesquita, Queimados, Belford Roxo e Duque de Caxias. O Iser (Instituto de Estudos da Religião} publicou que de 2010 a 2015 a taxa de homicídios na Baixada foi de 80 mortes por 100 mil habitantes, enquanto no município do Rio de Janeiro foi de 40 para cada 100 mil. Desses assassinados na Baixada, 82% são pessoas negras, majoritariamente homens”, exemplifica Giulia.
Nossos Filhos Têm Mães, acima de tudo, é um livro sobre memória: a memória de pessoas que se foram e que serve de combustível para mulheres como Luciene Silva, fundadora da Rede, que perdeu o filho Raphael na chacina de 2005. Giulia explica que o processo de manutenção da memória dos mortos faz parte de uma necessidade maior, a de se legitimar as vidas que foram perdidas: “a memória acontece no sentido de legitimar essa perda, buscar com que ela seja passível de justiça, para tentar fazer com que mortes como essa não sejam repetidas. E também há essa busca pela memória para aliviar a dor”.
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